terça-feira, 9 de abril de 2013

O Fórum dos Patrões



O Fórum dos Patrões

A TVCOM do Grupo RBS transmitiu ao vivo o Fórum da Liberdade, e seu presidente, Nelson Sirotsky foi mediador de painel. Este Fórum é um evento de empresários neoliberais, que defendem o Estado mínimo e o lucro máximo. Houve muito discurso em defesa da liberdade de expressão. Incontestavelmente, ver pessoas na defesa das liberdades é algo muito bom. Porém, complica quando a família Sirotsky, a família Marinho, os donos da Abril, etc, se acham os guardiões da liberdade de expressão, quando confundem a liberdade/interesse das suas empresas com a liberdade/interesse da sociedade ou mesmo dos jornalistas.

Como bem sabemos, a Globo tem farto currículo de manipulação, e o pior ainda, de apoio ao golpe militar de 64, que colocou o Brasil sob ditadura por longos anos. A Globo resistiu apoiar a redemocratização pelas Diretas Já, e de forma grosseira manipulou a edição do debate de Lula X Collor na eleição presidencial de 1989, que foi ao ar no Jornal Nacional do dia seguinte, obviamente, favorecendo o liberal Fernando Collor.

Os donos do Fórum, fizeram todo esforço que estava ao alcance para confundir a opinião pública sobre o debate da democratização da mídia. Rejeitam qualquer debate sobre o assunto. Eles sabem, mas nunca vão dizer, obviamente, que um novo marco legal poderia ampliar a pluralidade e as liberdades. E que seria saudável para a democracia se ampliássemos os veículos de comunicação, se multiplicássemos as vozes - realmente - livres. Mas é claro, para dar espaço a muitos outros, teria-se que contrariar interesses dos - poucos - grandes grupos, mas que, certamente ajudaria muito para consolidar e qualificar a nossa democracia, afastando qualquer tentativa autoritária.

Um novo marco legal deve ser contra a censura e ou tutela estatal, pelo contrário, deve aumentar a pluralidade e as possibilidades para a sociedade. Porém, deve limitar o tamanho e o poder de apenas poucos veículos controlarem a opinião pública. Na perspectiva de legislações existentes na Europa, por exemplo. O debate sobre regras, com o objetivo de aperfeiçoar a democracia.

Ainda sobre o conteúdo do Fórum, que é totalmente ideológico, um exemplo é de Marcos Troyjo, que palestrou neste Fórum dos patrões, que em entrevista ao jornal Zero Hora (08/04/2013) definiu a legislação trabalhista brasileira como "medieval", e naturalmente, defendeu reforma trabalhista. Como definir uma pessoa que pensa assim? Ocorre, que os direitos trabalhistas são justamente o oposto do atraso, representam a entrada do Brasil na modernidade, possibilitando inserção dos trabalhadores na economia e na vida social, com garantias básicas como férias, limite de jornada de trabalho, ganho de horas de trabalho extra, etc. Então, medieval e arcaico é tentar retroceder e não valorizar a importância os direitos dos trabalhadores.

Outro palestrante chega a ser patético, uma verdadeira aberração. Trata-se do Yaron Brook que na entrevista que deu a Zero Hora (08/04/2013) afirmou que esta crise (do capitalismo mundial) “é uma crise do excesso de regulação”. Ainda bem que não devem dar ouvidos pra ele, são muitos líderes e economistas na Europa e nos EUA defendendo a necessidade de maior controle, e que o mercado sem regulação levou a existência da crise. Se não fosse o Estado intervir poderia haver danos sociais incalculáveis.

Enfim, o Fórum da Liberdade é o Fórum dos Patrões e o Fórum das ideias atrasadas, que levaram o mundo a esta profunda crise mundial.

Demilson Fortes
Porto Alegre, abril 2013.

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