quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

POESIA WALT WHITMAN

Cântico da Estrada Aberta

Walt Whitman



A pé, coração alegre, sigo em direção da estrada aberta,
Sadio, livre, o mundo a minha frente,
O longo caminho marrom a minha frente conduz-me para onde acho que convém.
Daqui para frente, já não peço boa sorte, pois eu mesmo sou a boa sorte,
Daqui para a frente, não mais me queixarei, não mais adiarei, nada mais necessitarei,
Porei fim às lamentações interiores, bibliotecas, críticas lamurientas,
Forte e contente, sigo em direção da estrada aberta.
A terra é suficiente para mim,
Não desejo que as constelações estejam próximas,
Sei que elas estão muito bem onde se situam,
Sei que elas bastam aos que lhes pertencem.

(Até aqui transporto os meus antigos e deliciosos fardos, transporto-os - homens e mulheres - , transporto-os para onde quer que eu vá.
Juro ser para mim impossível libertar-me deles,
Estou deles saturado, e em troca, eu os saturo.)

Tu, estrada por onde entro e olho em redor, creio que não sejas tu quando aqui está,
Creio que existem muitas coisas invisíveis., os enfermos, os analfabetos não são repudiados;
O parto, a procura apressada do médico, o indigente andarilho, o bêbado cambaleante, o bando de operários com suas gargalhadas,
O jovem em fuga, a carruagem dos abastados, o almofadinha, o par em fuga para o casamento,
O mercador madrugando, o carro fúnebre, o movimento de mudanças na cidade,
Eles passam, também eu, todas as coisas passam, ninguém pode ser interditado,
Ninguém que não seja aceito, ninguém que não seja querido por mim.
Tu, ar que me ajudas com alento para que eu fale!

Vós, objetos que convocais da difusão meus intentos, dando-lhes forma!
Tu, ó luz que me envolves, e a todas as coisas em tuas ondas delicadas e equânimes!
Vós, veredas esbatidas, nas irregulares depressões à margem dos caminhos!
Creio que preservais, latentes, existências invisíveis, e sois tão queridos para mim.
Vós, avenidas embandeiradas das cidades! vós, guarnições laterais! vós, navios distantes!
Vós, casas enfileiradas! vós, fachadas cheias de janelas! vós, tetos!
Vós, terraços e entradas! Vós cumeeiras e grades de ferro!
Vós, janelas cujos vidros transparentes permitiram ver tantas coisas!
Vós, portas e degraus ascendentes! vós, pisoteados cruzamentos!
De tudo quanto tenha tocado em vós, creio que conservastes algo em vós, e agora quereis comunicar-me o mesmo secretamente,
Dos vivos e mortos povoastes vossas impassíveis superfícies, e os espíritos deles se agradariam de ser evidentes e amáveis a mim.
A terra expandindo-se à direita e à esquerda,
O quadro vivo, cada aspecto com sua melhor luz,
A música vibrando onde á solicitada, e cessando onde não é desejada,E a alegre voz da estrada aberta, o alegre e suave sentimento da estrada.
Ó via principal por sobre a qual caminho, tu me dizes: Não me abandones!
Tu me dizes: Não te aventures, pois se me deixares, estarás perdido!
Tu me dizes: Já estou preparada, bem pisada e jamais recusada, adere a mim!
Ó estrada aberta, respondo-lhe que não temo deixar-te, embora amando-te,
Tu me exprimes melhor do que posso eu exprimir-me,
Serás para mim mais do que meu poema.

Penso que os feitos heróicos foram todos concebidos sob o céu aberto, e também todos os poemas livres.
Penso que poderia fazer uma parada aqui e operar milagres,
Penso que gostarei de tudo quanto encontrar pela estrada,
Penso que todos quantos eu vir, devem ser felizes.

Desta hora em diante, ordeno a mim mesmo que me liberte de limites e linhas imaginárias,
E, como meu próprio senhor total e absoluto, caminharei para onde eu quiser,
Ouvindo os outros, considerando bem o que eles dizem,
Parando, investigando, recebendo, contemplando,
Gentilmente, porém com irrecusável vontade,
Despindo-me dos embaraços que me poderiam entravar.
Sorvo grandes tragos de espaço,
O leste e o oeste são meus, e o norte e o sul também me pertencem.
Sou mais extenso, melhor mesmo do que pensava,
Não sabia que em mim havia tanta bondade.

Tudo parece belo para mim,
Posso repetir a homens e a mulheres, pois tanto bem tendes feito a mim que eu gostaria de fazer o mesmo a vós,
Recolherei para mim mesmo e para vós, quando caminhar,
Disseminarei a mim mesmo entre homens e mulheres quando caminhar,
Espalharei uma nova alegria e rudeza entre eles,
E se alguém me negar, não me preocupará isso,
Pois quem quer que me aceite será abençoado e me abençoará.(...)Vamos!
Quem quer que sejais, vinde peregrinar comigo!
Peregrinando comigo, encontrareis o que jamais se cansa,
A terra jamais se cansa, a terra é rude, quieta, incompreensível a princípio,
a Natureza é rude e incompreensível a princípio,
Não vos desencorajeis, persisti, pois existem coisas divinas muito ocultas,
Asseguro-vos que existem coisas divinas mais belas do que as palavras podem descrever.
Vamos! não devemos parar por aqui,
Por mais doces que sejam estas coisas armazenadas, por mais conveniente que esta morada pareça, não podemos deter-nos aqui;
Por mais seguro que seja este porto e por mais calmas que sejam estas águas, aqui não devemos ancorar;
Por mais acolhedora que seja a hospitalidade em nosso redor, é permitido a nós recebê-la por um lapso de tempo.
Vamos! os estimulantes serão maiores,
Navegaremos pelos ínvios mares selvagens,
Iremos para onde os ventos sopram, e as ondas se arremessam, e o veleiro yankee se acelera sob velas soltas.

Vamos! com poder e liberdade, a terra e os elementos,
Saúde, altivez, jovialidade, auto-estima, curiosidade;
Vamos! para além de todas as formas!
Para além de vossas fórmulas, ó sacerdotes materialistas com olhos de morcego.
O cadáver putrefato bloqueia a passagem - não muito longe aguarda o sepultamento.
Vamos! antes, porém, tomai o aviso!
Aquele que comigo segue necessita do melhor sangue, músculos, resistência,
Ninguém se atreva a acompanhar-me, mulher ou homem, se não trouxer consigo coragem e saúde,
Não chegueis aqui, se já tiverdes gasto o melhor de vós mesmos,
Somente podem vir aqueles que venham com o corpo saudável, e resoluto,
Nem os enfermos, nem os alcoólatras, nem os deteriorados terão acesso aqui.
Eu mesmo e os meus não convenceremos com argumentos, símiles, rimas,
Nós nos convenceremos apenas com a nossa presença.
Ouvi! serei honesto convosco,
Pois eu não ofereço os velhos e refinados prêmios, mas ofereço novas e árduas recompensas,
Estes são os dias que vos sobrevirão:
Não acumulareis aquilo que se chama riqueza,
Dissipareis com generosa mão tudo quanto conseguirdes ou ganhardes
Apenas chegados à cidade para a qual tenhais sido destinados, dificilmente instalar-vos-ei satisfatoriamente, antes que sejais convocados por irresistível partida,

Tratareis com risos irônicos e zombarias aqueles que permanecem por detrás de vós:
Sejam quais forem os acenos de amor que receberdes, somente respondereis com apaixonados beijos de despedida,
Não permitireis o controle por parte daqueles que estendem suas astutas mãos para vós.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

AMIZADES QUE SURGEM DEBAIXO DOS VIADUTOS

AMIZADES QUE SURGEM DEBAIXO DOS VIADUTOS
(Demilson Fortes)


Assisti, há uns meses atrás a um programa na televisão sobre moradores de rua de São Paulo. Um deles, em depoimento, afirmou que dentre tantas coisas ruins que aconteceram, algumas foram boas. Contou que entre eles há solidariedade no convívio. Da importância do encontro do grupo na hora de refeições que realizam juntos. Nesses momentos, eles conversam e contam suas histórias. Dividem medos e dores, mas também dividem alegrias e sonhos. Em meio aos sentimentos de abandono, das tristezas de uma realidade dura, de quem sente no dia-a-dia e na própria pele o que é o preconceito, a exclusão, as necessidades e a ausência de futuro. Mas, apesar disso tudo, formam uma espécie de comunidade onde há espaço de proteção, de compreensão de carinho e afeto. Cria-se um núcleo de solidariedade. O impressionante é ouvir no depoimento dos moradores, que este espaço de diálogo, de carinho e de compreensão, muitos deles, não tinham em suas casas, com as suas famílias. Fiquei pensado sobre essa triste constatação. Mas, ao mesmo tempo isso mostra que mesmo nos lugares mais inesperados, mais dilacerados socialmente, existe vida pulsante. Que supera os espaços que deveriam ser de diálogo e afeto como a família e a escola. Em que muitas vezes, esses acabam sendo espaços de agressão, de violência, de desentendimento, de estresses diários. Onde há ausência de relação respeitosa. Por vários fatores, esses espaços se fragmentam, respondendo a demandas e respostas de uma sociedade acelerada, veloz. Onde há pouco tempo para os momentos de encontros, de lentidão humana, de socialização, para memória familiar e amizades despretensiosas.

No filme “O Terminal” (filme dirigido por Steven Spielberg e protagonizado por o ator Tom Hanks) acontece assim. Viktor Navorski , é um cara que ficou preso dentro do aeroporto. Ele é um cidadão da República da Krakozhia, que por razões burocráticas relacionadas a relações internacionais entre os dois paises fica detido nos limites do aeroporto. Ali muitas coisas acontecem, mas cria-se um círculo de solidariedade em torno dele por funcionários do aeroporto.

Em baixo das pontes e viadutos das metrópoles, nas noites frias dos invernos, se aquecendo ao redor do fogo, tomando o café quente e contando e relembrando as histórias de vida. Alguns devem ser relatos desesperados, de saudade talvez, contando causos de valentia e heroísmos, de mágoas que precisam ser expelidas, exteriorizadas. Mas, na vida arrumam-se amigos em todos os lugares, inclusive na rua. Há espaço para a amizade, para a reciprocidade, para a confiança, e até para o amor. E o que se espera ser somente tristeza, às vezes é alegre, de uma dimensão humana enorme, pedagógica e que devia servir de exemplo e reflexão para muitos que tem tudo, mas não falta o humano básico. Momentos que os moradores de rua relatam que tem. De se alimentarem juntos e conversarem longamente, muitas famílias, infelizmente, não tem. Talvez porque em baixo do viaduto não tem televisão, não tem a novela diária, onde em muitas casas a televisão, agora a internet pessoal, ou compromissos de cada um são as prioridades. Quando juntos, ficam em frente à TV, paralisados, mudos, extasiados pela mídia. Mas em baixo de muitos viadutos, existem muitas pessoas conversando sobre tudo, por longas horas.

MUDE

Este poema é normalmente atribuído a escritora Clarice Lispector, mas os conhecedores da obra dela e seu próprio filho disseram não ser dela a autoria. É reinvindicada a autoria pelo poeta Edson Marques, o qual as publicações recentes reconhecem como o verdadeiro autor.


MUDE

(Edson Marques)

Mas comece devagar,
Porque a direção é mais importanteque a velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
Ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por ondevocê passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
Ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetase portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv,
Compre outros jornais...leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
Escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito,
O novo prazer, o novo amor.
A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,vá a outros restaurantes,
Tome outro tipo de bebida
Compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
Troque de carro, compre novos óculos,
Escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
Quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros,
Visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
Uma nova ocupação,
Um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas,
Mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda !

" Repito por pura alegria de viver: A salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena "(Clarice Lispector)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Alucinação

Alucinação
(Belchior)

Eu não estou interessado em nenhuma teoria,

Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Nem em tinta pro meu rosto ou oba oba, ou melodia
Para acompanhar bocejos, sonhos matinais
Eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Nem nessas coisas do oriente, romances astrais
A minha alucinação é suportar o dia-a-dia,
E meu delírio é a experiência com coisas reais
Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha
Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais
Garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro
Os humilhados do parque com os seus jornais
Carneiros, mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar
E a solidão das pessoas dessas capitais
A violência da noite, o movimento do tráfego
Um rapaz delicado e alegre que canta e requebra, é demais
Cravos, espinhas no rosto, Rock, Hot Dog, "play it cool, Baby"
Doze jovens coloridos, dois policiais
Cumprindo o seu (maldito)duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Cumprindo o seu (maldito)duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Mas eu não estou interessado em nenhuma teoria, em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia
Amar e mudar as coisas me interessa mais
Amar e mudar as coisas,
Amar e mudar as coisas me interessa mais.
Um preto, um pobre, um estudante, uma mulher sozinha
Blue jeans e motocicletas, pessoas cinzas normais
Garotas dentro da noite, revólver: cheira cachorro
Os humilhados do parque com os seus jornais
Carneiros, mesa, trabalho, meu corpo que cai do oitavo andar
E a solidão das pessoas dessas capitais
A violência da noite, o movimento do tráfego
Um rapaz delicado e alegre que canta e requebra, é demais
Cravos, espinhas no rosto, Rock, Hot Dog, "play it cool, Baby"
Doze jovens coloridos, dois policiais
Cumprindo o seu (maldito)duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Cumprindo o seu (maldito)duro dever e defendendo o seu amor e nossa vida
Mas eu não estou interessado em nenhuma teoria,
Em nenhuma fantasia, nem no algo mais
Longe o profeta do terror que a laranja mecânica anuncia
Amar e mudar as coisas me interessa mais
Amar e mudar as coisas,
Amar e mudar as coisas me interessa mais .

A IMANÊNCIA DOS MEUS SONHOS

A IMANÊNCIA DOS MEUS SONHOS
(Demilson Fortes)

Tenho andando “preocupado” ultimamente. Não como “pré-ocupação”. Mas como “ocupado fixamente”. Inquieto. Absorvido. Enfim, preocupado. Pois, o tempo passa e eu não me distancio de meus sonhos de muito tempo atrás. Sonhos subversivos. De Mudanças. Vejo tantos contemporâneos meus de adolescência e universidade, que na sua maioria já mudaram. Redefiniram suas vidas. E, mudar o mundo e as coisas já não está entre suas prioridades, ou nem mais nos seus horizontes. Como bem falou um dia há muito tempo atrás um velho conhecido: “o sistemão pega”. Se não pega por inteiro, pelo menos em parte, o suficiente para imobilizar. Acomodar. Resignar. Parar.

Inspirado em Cazuza: “E aqueles que iam mudar o mundo, assistem agora tudo em cima do muro”. Muitos vão tropeçando e caindo do muro para o outro lado de onde estivemos juntos. Muitos vão arrumando justificativas para suas opções. Vão cansando. Como Belchior questiona cantando: “Onde anda a tipo afoito que em um, nove, meia, oito, queria tomar o poder. Hoje rei vaselina, corrreu de carrão pra China. Só toma mesmo aspirina, e não quer nem saber”.

Lembro de Oscar Niemeyer que completou recentemente seus cem anos de idade e permanece fiel aos seus sonhos de sociedade e vida. E de tantos outros que são referências importantes de vida, de coerência e ativismo político-social. Mas preocupa-me a minha situação. Pois, comprar o carro do ano, bonito e potente e tantas outras coisas normais para quem já passou dos trinta não me seduz tanto. E isso me preocupa agora. Vejamos bem: é normal neste mundo, alguém do Sul da América do Sul interessar-se pela situação dos indígenas do México, dos aborígines da Austrália, pela situação das mulheres do oriente médio, pela desnutrição das crianças da África, pela condição dos brasileiros do semi-árido nordestino que padecem coma seca, pela morte de inocentes pela pena de morte nos Estados Unidos, pelos silenciados em Cuba, pelo futuro dos jovens da Palestina?

A vida muda e o mundo tem seu dinamismo. Tento entender que isso explica porque “Até bem pouco tempo atrás podería-se mudar o mundo.... Mas quem roubou essa coragem?” (Renato Russo). Mas, definitivamente eu não sou uma pessoa normal. Muitas questões que me impulsionavam há um bom tempo, continuam a pulsar, permanecem intactas. E, isso me preocupa.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Lixo eletrônico: um problema que todos devem assumir.

Ontem foi divulgado que o setor de celulares cresceu quase 21% no Brasil no ano passado. De 100 milhões de aparelhos passou para 120 milhões. O que por um lado representa crescimento da economia brasileira e o que poderia-se dizer de uma inclusão na comunicação cada vez maior, por outro significa o aumento das montanhas de lixo eletrônico, que somado a outros aparelhos domésticos e comerciais causa grande impacto no meio ambiente.
Segundo a ONU, que tem um programa especifico para enfrentar esse problema, cerca de 40 milhões de toneladas em aparelhos obsoletos são descartadas por ano no mundo. Segundo dados de estudo, o lixo eletrônico geralmente libera tóxicos quando incinerado e aparelhos antigos contêm produtos químicos prejudiciais e metais pesados como mercúrio e cádmio. A aquisição de novos produtos leva a um questionamento: para onde vão - ou deveriam ir - os antigos aparelhos, que não servem mais? Para Denise Imbroisi e Antônio Guarita, professores de química da Universidade de Brasília (UnB), o descarte de eletrônicos no lixo comum representa riscos para a população e o meio ambiente. Os metais utilizados na fabricação desses produtos podem ser perigosos.
“Se você tem um tubo de televisão, por exemplo, quando esse tubo é quebrado, pode afetar o solo e um lençol freático, e acabar contaminando o ser humano por conta disso”, explica Denise. Já o mercúrio, contido em lâmpadas, pode causar problemas de estômago, distúrbios renais e neurológico, além de alterações genéticas, segundo os professores.
O cádmio, presente nas baterias de celulares, causa câncer, afeta o sistema nervoso, provoca dores reumáticas e problemas pulmonares. Por sua vez, o zinco, usado na galvanização do aço dos computadores, pode provocar vômitos, diarréias e problemas pulmonares. O manganês, usado em ligas metálicas de computadores, desencadeia anemia, dores abdominais, vômito, impotência e tremores nas mãos. O cloreto de amônia, produto encontrado nas pilhas, pode causar asfixia. E o chumbo, usado para soldar os componentes eletrônicos, provoca irritabilidade, tremores musculares, lentidão de raciocínio, alucinação e insônia.
O que se vê é uma opção pelo uso por pouco tempo e troca por novos modelos e novas tecnologias. As inovações e a indução ao consumismo faz os aparelhos ter uma vida útil pequena. E novas compras...e novos descartes..e o lixo aumenta.
O que precisamos é um debate sobre as responsabilidades, nem devendo ficar somente sobre o poder público resolver a questão - ou não resolver. Legislações ambientais, órgaos de fiscalização e consumidores devem exigir de todas as empresas que desenvolvem produtos e tecnologias planos concretos de recolhimento seguro e reciclagem de todos os componentes dos aparelhos.
E o melhor, desenvolver uma cultura de consumo responsável. Em que cada um assuma a responsabildiade pelo resíduo que gera a partir de seu consumo. Sabendo que o ambiente e o planeta não são depósitos sem consequência de uma cultura consumista irresponsável e individualista.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Tente imaginar....sei que vc consegue.

Imagine
John Lennon

Imagine que não exista nenhum paraíso,
É fácil se você tentar.
Nenhum inferno abaixo de nós,
Sobre nós apenas o firmamento.
Imagine todas as pessoas vivendo pelo hoje...
Imagine que não exista nenhum país,

Não é difícil de fazer.
Nada porque matar ou porque morrer,
Nenhuma religião também.
Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz...
Imagine nenhuma propriedade,

Eu me pergunto se você consegue.
Nenhuma necessidade de ganância ou fome,
Uma fraternidade de homens.
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo todo.
Você talvez diga que sou um sonhador,

Mas eu não sou o único.
Eu espero que algum dia você junte-se a nós,
E o mundo viverá como um único

UMA BELA POESIA CHAMADA "INSTANTES"

Poema normalmente atribuído ao argentino Jorge Luis Borges, mas o mais provável é que sua autoria seja de pessoa desconhecida. Serviu de inspiração da música Epitáfio da Banda Titãs. Mas, apesar de ser óbvia a fonte, não foi citada pelo autor.

"INSTANTES"
Se eu pudesse novamente viver a minha vida,

Na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais,
Seria mais tolo do que tenho sido.

Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos,

Viajaria mais,
Contemplaria mais entardeceres,

Subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
Tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
E profundamente cada minuto de sua vida
Claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver
Trataria somente de ter bons momentos.

Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
Não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,
Uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
Se voltasse a viver, viajaria mais leve.

Se eu pudesse voltar a viver,
Começaria a andar descalço no começo da primavera
E continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua,
Contemplaria mais amanheceres

E brincaria com mais crianças,
Se tivesse outra vez uma vida pela frente...


Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O rio e suas margens...A existência e a vida...

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"
Bertold Brecht

"Viver é uma coisa rara no mundo. A maioria das pessoas não faz mais do que existir"
Oscar wilde

O rio e suas margens...

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem" Bertold Brecht

Metal contra as nuvens

Metal Contra as Nuvens (Legião Urbana)
Composição: Dado Villa-Lobos/ Renato Russo/ Marcelo Bonfá

Não sou escravo de ninguém
Ninguém é senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.
Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.
Sou metal, raio, relâmpago e trovão
Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.
Minha terra é a terra que é minha
E sempre será minha terra
Tem a lua, tem estrelas e sempre terá.
Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.
Quase acreditei, quase acreditei
E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.
Olha o sopro do dragão...
É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.
Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.
Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.
Não me entrego sem lutar
Tenho ainda coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.
Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.
E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe para trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

Brasil: é pra comemorar, mas é preciso muito mais!

Segundo o Instituto de Pesquisas Economicas Aplicadas (IPEA) a desigualdade no Brasil caiu 4,6% entre 2001 e 2005, declinando de forma acentuada, devido a investimentos na educação, programas de transferência de renda e novas oportunidades de trabalho. Segundo o órgão, os 10% mais pobres da população tiveram um aumento de 36% na renda, enquanto os 10% mais ricos caiu 1,2%. Para Simon Johnson, diretor do departamento de pesquisas do Fundo Monetário Internacional (FMI) no resto do mundo a tendência foi oposta. No ano passado, no país, diminuiu em seis milhões o número de pessoas em situação de extrema pobreza. Dentre os fatores que tiveram impacto positivo para redução da pobreza esta o aumento real do salário mínimo. Segundo dados divulgados o salário mínimo tem o maior poder de compra em 24 anos, tendo reajuste de 90% entre janeiro de 2003 e março de 2007, superando os reajustes das tarifas e preços do mesmo período.
O avanço no combate a fome, a miséria e o desemprego no Brasil avançou, e isso é muito bom. Mas pra termos um país diferente mesmo, é preciso continuar, melhorar e aprofundar as políticas socias que reduzem as desigualdades. É preciso perseguir sempre o caminho de diminuir os ganhos dos ricos e aumentar os ganhos dos pobres. O Brasil é um dos países de maior desigualdade do mundo. Alterar isso é preciso.

Pra pensar...

" Amor, trabalho e sabedoria são as fontes de nossa vida. Deviam também governá-la"
Wilhem Reich

"Amamos a vida não porque estamos habituados a viver,mas porque estamos habituados a amar"
F. Nietzcche

"A ousadia é, depois da prudência, uma condição especial da nossa felicidade"
Artur Schopenhauer