domingo, 20 de dezembro de 2009

Rio de Janeiro
















O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO

Texto de Demilson Figueiró Fortes


Encontrar algo interessante na televisão, muitas vezes, se torna uma tarefa difícil, mas em algumas oportunidades nos surpreendemos com algo que nos atrai, seja em que programa for naquelas trocas de canais com o controle remoto. Foi isto que aconteceu comigo no sábado, dia 28 de novembro de 2009 quando liguei a TV e passando por alguns canais buscando algo que acharia difícil encontrar parei por alguns minutos por curiosidade para ver o quadro que chamado de vou de táxi, do programa caldeirão do apresentador Luciano Huck, da rede globo. De três passageiros do taxi, uma chamava-se Raimunda do Carmo, e é uma história emblemática das mulheres pobres de nosso país. Raimunda é pobre, negra, moradora do morro Dona Marta, jovem de 31 anos, tem três filhos, a mais velha, Isabela com 16 anos, que ela teve aos 15 anos de idade. Ela é mãe de Isac, de onze anos e de Gabriel, de nove anos. Mulher lutadora, ela trabalha em um pequeno salão de beleza que se chama safira, que funciona na sala de sua própria casa, em que atende as pessoas ali e também a domicilio, faz tinturas, escova, alisamento, pés e mãos da clientela. A casa é um pequeníssimo barraco, que a partir daquele momento foi escolhido por Luciano para ser reformado no quadro lar doce lar. Raimunda batalha para ganhar a vida todos os dias, e fatura R$ 300,00 por mês, e é com este valor que sustenta a sua família, da qual ela é a chefe, pois não tem marido. Ela conta que perdeu três primos e viu outros conhecidos morreram, no conflito entre traficantes e policiais. Contou que o morro já foi diferente há mais de 20 anos atrás, que os policiais tinham mais respeito pela comunidade e os próprios traficantes os temiam. Com o tempo virou o que vimos na TV com freqüência, os traficantes dominando o território, subordinando uma comunidade inteira à sua vontade, e com freqüentes enfrentamentos, onde os civis sem envolvimento com o crime, infelizmente indefesos, sempre são de alguma forma atingidos. Segundo ela, um dos fatores que levou a isso foi a corrupção policial e a falta de oportunidades par os jovens que vivem no morro. Raimunda nasceu e cresceu no morro sem se envolver com o crime. Sua mãe, dona Maria do Carmo, nasceu há 64 anos e ali vive há mais de 40 anos. A família toda soma 50 integrantes.

A história de Raimunda do Carmo emociona e nos instiga a refletir. Por todas as suas características, uma delas é que se assemelha a de milhares de mulheres que são responsáveis pelo sustento e condução de suas famílias, sem homens como provedores. Neste caso, o seu pai, seu Raimundo é uma referência moral, mas ela é que educa, cuida e é provedora financeira de seus filhos. No Brasil, os números do censo do IBGE indicam que cada vez mais mulheres assumem a condução de suas famílias ou até mesmo são formadas, exclusivamente de mulheres. Mas, Raimunda é mais, é do morro, sobrevivente, lutadora, mãe e pai ao mesmo tempo, dessas que sobem e descem as escadarias do morro, todos os dias. Apesar da vida de luta há sorrisos nos rostos, educação e muita dignidade. Nos choca pela realidade dura, em que vivem os moradores dos morros, que é a mesma em várias regiões do Brasil, este país de imensa desigualdade social, características que insiste em marcar o país. Raimunda nasceu e cresceu no Rio, mas nunca tinha subido no Corcovado, fato que evidencia que a cidade pode oferece muitas coisas, mas há um fosso entre quem tem acesso e outros que quase sempre ficam do lado de fora.

A coisa mais interessante quando temos a oportunidade de penetrar na vida dos moradores de comunidades como esta é poder humanizá-los e ter um olhar mais próximo (individual e coletivo), fora do conflito polícia versus bandidos. E o que chama atenção é aquilo que já sabemos, mas sempre temos que ser lembrados: que apesar de existirem grupos criminosos ligados ao tráfico de drogas, a maioria das pessoas que moram nas comunidades é formada por pessoas trabalhadoras simples, mas com muita dignidade e com vontade enorme de superar seus problemas, ter paz e ser feliz com os seus familiares e amigos. A família de Raimunda, começando por ela própria, que viveu em um ambiente de conflitos, de crime organizado, de medo e corrupção, mas não se renderam a isso, não se entregaram. Por cima do muro da violência, onde tende a predominar a desesperança, conseguiram o que para os que estão de fora às vezes parece o impossível: ver outras possibilidades, sem drogas e sem violência. Apesar do crime, da polícia corrupta, do Estado ausente e irresponsável, das elites opulentas e um país de enormes desigualdades sociais, milhares de pessoas se mantém dignas, sonhadoras, e surpreendentemente sorridentes. A família de Raimunda sobreviveu ao crime, como família agregada e solidária, que educaram seus filhos para não irem servir ao tráfico.

Na comunidade Santa Marta fica o morro Dona Marta, que abriga em torno de cinco mil habitantes e que para felicidade geral da nação, está pacificado. Depois de muitos anos de domínio de traficantes, agora há pouco tempo, com uma intervenção governamental, que une os governos, municipal, do estado e, o governo federal (obras do PAC), a comunidade está em paz, sem tiroteios e sem medo. Relatam que a vida por lá é outra, agora andam tranqüilos e se sentem novamente sujeitos em seu ambiente. Esta ação é parte de um plano estratégico de ir limpando crime ligado tráfico as comunidades e ir levando serviços do Estado como educação, saúde e lazer, uma polícia comunitária integrada à comunidade. No morro Dona Marta se vê quadras de esportes e casa de música para os jovens ocuparem seu tempo e terem acesso a esporte e cultura, e, além disso, existem outros projetos em andamento, que Inclui programa de melhoria das moradias. A secretaria de urbanismo da cidade do Rio de Janeiro está fazendo um trabalho de regularização dos terrenos no morro. A comunidade Dona Marta é pop, já recebeu Michael Jackson e Madona, coisa que não é pra qualquer lugar. Um lugar onde as ruas são escadarias; são vielas que se abrem e se desdobram em outras, o que desafia pensá-lo urbanisticamente, pois sempre é mais fácil pensar em quadrados do que e mosaicos.

Quando vimos o depoimento dos moradores da comunidade Dona Marta de que a vida mudou pra melhor nos últimos tempos, sem traficantes e com presença do Estado, chegamos a conclusão óbvia - até para crianças um pouco bem informadas - de que o crime avança e se enraíza por falta de ações do Estado e de uma sociedade omissa e desigual. É até indignante quando ouvimos os relatos e nos deparamos com o óbvio: se tivesse mais amparo para as comunidades carentes, mais investimentos sociais nessas áreas, uma polícia mais preparada e ética, com absoluta certeza, não teríamos tantas perdas de jovens para o crime, por mortes, não teríamos tantas famílias destruídas, e uma cidade tão deformada e violentada como se tornou o Rio de Janeiro nas últimas décadas. Quem nasce e é morador do morro tende a sofrer a vida toda de exclusão, violência e preconceito.

O que isso nos ensina e nos faz novamente acreditar é que a mudança para melhor é possível, que está ao nosso alcance. Que o crime organizado que tanto mal faz as comunidades carentes é vencível, desde que se queira vencê-lo. E a fórmula todos nós já sabemos: investimentos sociais nas pessoas e no seu ambiente. Cada criança e cada jovem que mora em alguma comunidade deviam ser adotadas pelo país, com programas de transferência de renda, de garantia de escolas, de lazer, de acesso a cultura. É preciso disputar cada jovem e fortalecer as famílias, enfrentando com determinação o crime organizado e a polícia corrupta e criminosa. A fórmula todos nós já sabemos, basta implementá-la. Deve fazer parte de uma estratégia, diminuir a desigualdade social, pois é enorme a distância entre ricos e pobres - que é um abismo - no Brasil. Se, por exemplo, os 10% mais ricos do país contribuíssem com uma fração a mais à sociedade, poder-se-ia com facilidade mudar a vida de milhares de famílias da periferia e do próprio país, que acreditaria mais nas suas potencialidades e os telejornais teriam menos violência para mostrar, poderiam mostrar coisas maravilhosas nascidas nas comunidades, como arte, esporte, cultura, invenções, e principalmente pessoas vivendo felizes. No caso particular da Raimunda ela ganhou do programa uma nova casa para viver com a sua família. Mas, devemos querer que todos os moradores da comunidade tenham suas casas renovadas e possam ter uma habitação com o conforto que todo ser humano merece. Habitação é o sonho de toda família e toca diretamente na autoestima das pessoas. O Brasil é rico e pode proporcionar isso a todos os seus filhos. Na nova casa, de Raimunda, todos terão espaço para exercer a sua vida privada, coisa que os moradores no morro não têm, pois moram muitas pessoas em um só barraco, dormem em um só quarto, ou dormem na sala ou na cozinha. As pessoas crescem sem saber o que é privacidade e sem ter o seu próprio espaço. O Brasil pode e deve. Há uma divida social gigantesca com os brasileiros pobres. É preciso dividir a riqueza, socializar a renda, e assumir o amparo das crianças e jovens como patrimônio nacional. Ainda, vergonhosamente, em nosso país, pouquíssimas famílias concentram muita riqueza e, de outro lado, milhões vivem na pobreza e sem a perspectiva de um futuro melhor. Mas as Raimundas estão por aí, mostrando ao país, que seus filhos não fogem a luta e precisam urgentemente serem incluídos, e que apesar de tudo, os pobres insistem na luta pela dignidade humana e tem esperanças de um futuro diferente e acreditam sim, em um país que seja bom para todos, e não somente para uma minoria rica, privilegiada, opulenta e arrogante, como é a elite econômica brasileira.


Em outubro deste ano eu estive no Rio de Janeiro participando de um curso promovido pela FASE, Centro Ecológico e Fundação Henrich Boll. O curso aconteceu no Bairro Santa Teresa, um bairro antigo, que ainda conserva casas de arquitetura antiga, muitos sobrados. Ali circula o bonde elétrico, que é parte do cartão postal da cidade. Uma parte do bairro foi ocupada por comunidades carentes, que povoam o morro com barracos típicos do que define por favela. Do terraço do Colégio Assunção pode-se avistar muitos morros densamente habitados, com casas que se sobrepõem umas as outras, como empilhadas, com as mesmas características de tijolos aparentes, lajes de concreto, colados um ao outro, que foram se unindo umas as outras aleatoriamente. O interessante da cidade do Rio de Janeiro é que as comunidades carentes estão por todos os lados, convivendo como vizinhos com os condomínios onde moram os ricos. A impressão, sentida por alguém que é de fora, quando se está no Rio de Janeiro é de aglomeração, de não ter lugar pra fugir, de estar-se encurralado. Rio de Janeiro é uma encosta de morros que dão para o mar, uma cidade cercada de morros, é mais compacta, diferente de São Paulo, que é mais espalhada horizontalmente. No Rio de Janeiro as comunidades carentes estão mais visíveis, pois estão amostras em cima dos morros, verticalmente colocadas. Estão ali perto, por todos os lados.

“Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos”, assim diz a música cantada por Fernanda Abreu. Nos três dias que estive no Rio de Janeiro foi possível ter uma pequena amostra da violência que os moradores convivem cotidianamente, quando se ouviu tiros trocados entre policiais e traficantes bem próximos de onde estávamos. E o medo de sair do prédio ou na rua em frente. Mas mesmo com certo receio, um grupo de pessoas presentes no curso saiu à noite, fomos percorrer a Lapa e conhecer pontos como os conhecidíssimos arcos da lapa e alguns bares, distante 10 minutos de onde estávamos. E valeu a pena ir conhecer a Lapa, bairro tradicional de boemia carioca. Fomos a um lugar chamado Boteco do Juca que estampa as bandeiras do Brasil e de Portugal, tem samba de raiz de alta qualidade, curtido ao vivo e com chope gelado. Era terça-feira e muitas casas de dança estavam lotadas ou com bom público. Samba de gafieira está fortemente presente. Voltamos às duas horas da manhã sem nenhum problema, a troca de tiros acontecera de tarde e agora tudo já estava em paz. Os habitantes da cidade aprenderam forçadamente a conviverem com a violência e tocarem a vida. Após os tiros tudo volta ao normal, não tem outra saída. Do terraço superior o Colégio Assunção se uma visão panorâmica da cidade e se pode ver – quase que hipnotizado - a Bahia da Guanabara, o Cristo Redentor, o Corcovado, o estádio do Maracanã e outros pontos da cidade maravilhosa. Apesar de tudo, como canta Gilberto Gil no bonito samba intitulado Aquele Abraço: “O Rio de Janeiro continua lindo”.

Demilson Figueiró Fortes
Chapecó, SC, dezembro de 2009.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

UM OLHAR SOBRE SÃO PAULO

















UM OLHAR DE VISITANTE SOBRE A CIDADE DE SÃO PAULO

Texto de Demilson Figueiró Fortes

Da janela do segundo andar do museu, no centro da cidade tenho uma visão do agradável jardim, com palmeiras, bromélias e outras plantas tropicais, alguns bancos para as pessoas sentarem, um café que quase entra jardim adentro, onde várias pessoas conversam em paz. Estou no museu Anchieta, um prédio simples, mas de relevância cultural, pois é o local de fundação da cidade, ali tem vários objetos sacros, de importância histórica. Numa das salas do museu uma maquete reproduz a imagem que tiveram os jesuítas, quando chegaram à região em 1554, há 455 anos: uma paisagem verde recobre o terreno ondulado, vegetação exuberante de mata atlântica. Agora, uma paisagem urbana, de concreto continuo, com 11 milhões de habitantes, que é a capital dos paulistas. São 18 milhões de pessoas na grande região metropolitana que engloba 39 municípios, o que faz da região um dos maiores aglomerados humanos do mundo, atrás somente de Tóquio, Cidade do México e Mumbai.
Como outras cidades populosas, São Paulo nasceu do nada e cresceu. E, como cresceu. Houve tempos diferentes, que ficaram para trás, como a São Paulo em que viveu Adoniram Barbosa, que compôs a música: “Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem, só amanhã de manhã”, clássico do samba brasileiro. São Paulo se agigantou, ainda tem trens, mas atualmente tem metrô, centenas de ônibus e as ruas entupidas com milhões de carros.
Em fevereiro deste ano, de férias, fui visitar meu irmão e sua família que residem na cidade de São Paulo há alguns anos. São moradores da zona norte, bairro Jaçanã, o mesmo de Adoniram. É a quarta vez que vou a São Paulo a passeio, mas já passei pelo aeroporto, pelo menos umas quatro vezes, fazendo escala, indo para outros lugares. Posso dizer hoje que tenho simpatias pela cidade de São Paulo. Reconheço que é diferente visitar e ficar uns dias, de morar, e ter de enfrentar a cidade todos os dias. Mas a minha visão contrasta geralmente com a maioria das pessoas de fora, que se apressam em evidenciar os problemas da cidade, que são muitos. Mas afirmo que com disposição para conhecer, logo se verá que a metrópole não se resume a violência e caos. Muito pelo contrário, surpreende e cativa.

A cidade de São Paulo é a síntese do país, com riqueza e oportunidades, mas ao mesmo tempo a manifestação latente da pobreza, exclusão social, violência urbana sentida no cotidiano, concentração de riqueza, opulência dos ricos, com as pessoas – principalmente as mais humildes - sofrendo as conseqüências da degradação do meio ambiente e do espaço público. Uma coisa é certa: a megalópole São Paulo está condicionada a equacionar os seus problemas com foco na coletividade, no planejamento urbano, e na insistência ao otimismo a humanização dos espaços, com buscas de formas de sociabilidade e convivência. É preciso sentir-se parte dos problemas e das soluções. É preciso não resignar-se, não aderir ao fatalismo pessimista e a alienação cotidiana, que tende a condicionar as mentes e enrijecer os corações. E aos descrentes de tudo devo dizer: a solução está nas pessoas e na política. Está na sensibilidade e na criatividade humana e na política como arte humana de debater seus próprio problemas e solucioná-los. E aos individualistas, lamento dizer: não há futuro algum, se não focar nas coletividades. Mesmo que os burgueses tentem suas fugas nos helicópteros e carros blindados. A história se move no sentido oposto ao individualismo. A história está ao lado de quem usa metrô, ônibus, bicicleta e anda a pé.
Definida a viagem, consultei o preço de passagem de ônibus de Porto Alegre a São Paulo, conferi que tava em torno de R$ 159,00. Consultando o preço das passagens áreas tinha por R$ 159,00 de ida e R$ 139,00 de volta, mais taxa de embarque, totalizando R$ 337,00 uma passagem ida e volta, comprada em seis vezes, sem juros, no cartão de crédito. Do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre ao de Guarulhos foram uma hora e quarenta minutos de avião, partiu as 13:30 h e chegou as 15:10, pontualmente.

A primeira vez que vi a cidade de São Paulo do avião, fiquei impactado. Realmente, a metrópole impressiona. Da janela do avião, fiquei tentando captar tudo o que podia, até onde a vista alcançava. E até onde a vista alcança é um continuo de casas, prédios, telhados, lajes de concreto, ruas, calçadas, avenidas, estradas. E certas ilhas verdes, que algumas pude vir a conhecer posteriormente. A primeira pergunta que nos vem a cabeça é como pode, toda aquela gente viver naquele espaço? E ao mesmo tempo, respondemos pra nós mesmos, outra pergunta: porque vimos na televisão tantos alagamentos? Parece tão óbvio: os espaços para a água da chuva se infiltrar é muito reduzido, é (quase) tudo concreto. O terreno todo sem espaço para infiltração associado ao lixo que vai parar nos bueiros tem com resultado os freqüentes alagamentos. Com algumas chuvas intensas, em questão de menos de cinco minutos quem está na parte mais abaixo da cidade fica no aguaceiro. Tem um professor que vi na televisão conceituando aquilo tudo de deserto, pois, segundo ele, o que caracteriza o deserto é areia, e ali a diferença é que a areia é misturada com cimento e tijolos.
São Paulo se apresenta na primeira impressão como uma cidade sem graça, sem colorido, um tanto cinzenta. Com bairros que se colam um no outro, de casas, cheias de grades, pichações, de predominância do concreto. Mas basta ir conhecendo que se vai aprendendo a gostar, a ver pra além do concreto e das grades. Se a pessoa se dispuser a isso vai ter surpresas agradáveis, conhecer mundos diferentes, até inimagináveis, que a televisão não consegue mostrar, e que nossos preconceitos também se negam a enxergar. Pra quem gosta de cultura, no novo, do diferente, a metrópole é riquíssima e pode se falar no plural, “culturas”. E pra quem chega esperando assaltos, violência crua nas ruas, pode se surpreender. É claro que falo do ponto de vista de um visitante, que não penetrou nos bairros da periferia, mas de um visitante que andou de ônibus, lotação, metrô, a pé em muitos locais. Talvez por pura sorte.
A metrópole é multicultural, multiracial, multiétnica. Cidade que acolheu milhões de imigrantes de vários cantos do mundo e do próprio país. Além dos nordestinos, gaúchos, e todos os outros estados, se encontra em São Paulo os libaneses, japoneses, chineses, bolivianos, judeus, e muitas outras etnias, raças, culturas. É ali que sai anualmente a maior manifestação contra o preconceito homossexual do mundo, a parada gay. É ali que saiu as maiores manifestações políticas do país. É ali que tem os maiores templos evangélicos do mundo. E todos convivem. É certo que os ricos sempre aproveitam melhor o que a cidade tem a oferecer. Mas há pluralidade. Quando se passa no Bairro Liberdade tem-se a sensação de entrar no Japão, e são nipobrasileiros.
Segundo a Revista Welcome On Board (novembro de 2008), de distribuição gratuita no aeroporto de Congonhas, a cidade de São Paulo tem 48 shoppings, e atraem 3 milhões de pessoas a cada dia. A reportagem define-os como “modernos templos de convívio, lazer e consumo”. Para este ano de 2009, está previsto mais quatro. Isso faz de São Paulo a cidade que mais tem shopping Center no mundo, nem a cidade de Nova York, centro mundial de turismo internacional, e consumo do padrão Estados Unidos tem tantos shoppings.
A cidade estruturou a sua economia ao longo do século XX em inúmeras fábricas que produziam de forma diversificada, como carros, máquinas, equipamentos, eletrodomésticos, alimentos, e muitos outros ramos. Na metade da década de 40 já tinha 14 mil fábricas e já era o maior centro industrial da América Latina. Na década de 60 a cidade tinha mais de 50 mil indústrias e empregava 1 milhão de operários, neste período a cidade ganha grandes projetos de infraestrutura como viadutos, pontes, grandes rodovias que margeiam os rios Pinheiros e Tietê. Em 1960 a cidade tinha 3,7 milhões de habitantes. Em 1970 tinha 5,9 milhões. Em 1980 tinha 8,5 milhões. Em 1991 já tem 9,6 milhões de pessoas, e no ano 2000 chegou a 10,5 milhões de habitantes. Em 2009 ultrapassa 11 milhões de moradores.
De cidade industrial ao longo do tempo foi se transformando em economia diversificada, transitando para ser uma cidade principalmente de serviços. Mesmo tendo uma base industrial grande ainda, outra economia baseada como, por exemplo, em indústrias de inovação tecnológica, gestão, inovação do conhecimento, serviços bancários, logística, gastronomia, tecnologia e serviços de saúde, entretenimento, moda e outros. São Paulo é um dos maiores centros financeiros do mundo e o maior da América Latina, onde funciona a sede de muitas multinacionais que atuam no continente. Uma das coisas que se destaca a metrópole atualmente é a da realização de eventos, que segundo dados, foram em média 90 mil eventos ao ano na década de 90. Em 2002 a cidade tinha 120 museus e 50 galerias de arte, e de lá pra cá muitas outras coisas foram criadas. A famosa de comércio popular a Rua 25 de março recebe em certas épocas mais de 1 milhão de pessoas que vem fazer compras. Pelo centro da cidade circulam em média dois milhões de pessoas diariamente. E em São Paulo existem mais de 50 pólos de comércio ultra-especializado, de vários ramos, que recebem compradores de várias partes do país. É a cidade de pobres e de ricos. A cidade só perde para Nova York na frota de helicópteros. E andando na noite vêem-se carros Ferrari, Porsch, e outras marcas, que evidenciam a opulência dos magnatas. Uma cidade que funciona 24 horas, se compra e se vende de tudo. Encontra-se de tudo.
Mas esta cidade gigante, plural, e global cresceu rápido e seus governantes não tiveram competência e compromisso social para criar as condições de ser um lugar menos inóspito para milhões. Com o crescimento vieram os problemas e os impactos ambientais se agravaram, com conseqüências vistas e sentidas enormemente hoje. Cada chuva que cai é um motivo de preocupação para os paulistanos, pois com freqüência ocorrem alagamentos de rodovias que dificultam ou paralisam o trânsito. Há muito concreto e asfalto contínuos, sem espaço para a infiltração da água. A poluição industrial já foi pior é verdade, mas ainda é de grande impacto na saúde das pessoas. Pesquisas recente nos Estados Unidos confirmaram que quem convive com poluição atmosférica das cidades vive menos, porque organismo sente o impacto, coração e pulmões se esforçam mais para trabalhar.
O Rio Tietê e Rio Pinheiros estão mortos na capital. Além de não possibilitar vida, são mal cheirosos, e enfeiam a cidade, que não se reconhece neles, parece um estorvo que tem a obrigação de conviver. Triste realidade para um povo e para um Rio. Visto que as cidades que tem Rios se orgulham, com eles convivem nas suas margens, como já foi o caso do Tietê (que tem 1.150 km de comprimento e cruza por várias cidades), que no início do século XX seus moradores o utilizavam para o lazer em competições como regata e natação, pescavam e tomavam banho com satisfação nas suas águas. Depois vieram as indústrias e o que se denominou de progresso, e a população se afastou, e se divorciou de seu Rio. No atual momento existem esforços para despoluí-lo, com investimentos pesados, mas insuficientes, pois precisa reestruturar uma base econômica que se ergueu vendo o Rio como poço de dejetos, de uma cidade que cresceu sem preocupação com saneamento, de uma população sem a cultura do respeito ao meio ambiente. A transição será longa e difícil, mas poderá acontecer, como mostram as experiências do Rio Tamisa em Londres, ou do Rio que corta Seul, na Coréia do Sul, que hoje despoluídos estão integrados a vida das pessoas da cidade. O projeto de despoluição do Rio Tiete vem sendo implementado há alguns anos e entra na sua terceira etapa, que está orçada em US$ 800 milhões, que pretende até 2015 tratar pelo menos 80% do esgoto doméstico da região metropolitana de São Paulo, pra esse projeto, o governo do Estado de São Paulo conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Uma cidade que recebe anualmente 7 milhões de visitantes, mesmo sem ter praias ou grandes cartões postais. O que faz a diferença em São Paulo é quando pegamos um livretinho sobre a programação cultural do mês e vimos que são muitos os eventos que acontecem na cidade simultaneamente. Passando por São Paulo peguei um Guia denominado Em Cartaz, da Secretaria da Cultura, de junho de 2008, com 72 páginas de atividades culturais do mês, com espetáculos de dança e de teatro, mostras de cinema, folclore, música clássica, fotografia, palestras, datas comemorativas como os 100 anos da imigração japonesa e os 40 anos do ano de 1968. Atividades pra satisfazer muitos e diferentes gostos. Na contracapa anunciava uma Feira de troca de livros e gibis, marcada para acontecer no Parque da Luz e Parque Santo Dias. Segunda a revista Exame (10/12/2003), naquele período acontecia 246 eventos diferentes todos os dias e num único final de semana, como por exemplo, apresentação de 128 peças de teatro, exibição de filmes em 272 salas de cinema, 38 shows musicais, 12 concertos de música clássica e dezenas de museus estão a disposição para visitação. Uma cidade muita ativa culturalmente, com muitas opções, desde que tenha dinheiro e disposição para sair de casa. Ainda segundo a revista, 25% da frota de automóveis e 25% das receitas de restaurantes do país estavam na cidade. Em 2002 já tinha um PIB de 96 bilhões de reais por ano. O consumo em escala faz girar a economia. Em São Paulo tudo é grande. Em 2009 somente para o GP Brasil de fórmula 1 recebeu cerca de 85 mil turistas, que deixaram 260 milhões de reais na cidade.
No início da década de 90 a então prefeita Marta Suplicy iniciou um projeto ousado para revitalizar o centro da cidade, que estava cheio de vendedores ambulantes, mendigos, insegurança pelos assaltos banais, sem cuidado com o patrimônio histórico. Um centro urbano onde circulam 2 milhões de pessoas por dia. Com investimentos, recursos externos inclusive, parcerias, e principalmente presença do poder público com iniciativas que mobilizaram as pessoas, começou uma virada cultural. Depois de anos, hoje quem vai a São Paulo sente o centro da cidade com vitalidade humana. Os prédios históricos do centro da cidade recuperados, muitos se destacam pela beleza, não ficando atrás quando comparado a centros de cidades européias.
Uma das maiores riquezas da cidade chama-se Parque Ibirapuera. É uma ilha verde incrustada no meio da selva de concreto. Um lugar incrível. Inimaginável, quando se pensa no conceito, no nosso juízo sobre a cidade, vista pelo noticiário de TV. Entrando no parque deixamos para trás o barulho, a fumaça dos carros, e temos na nossa frente bastante verde, com muitas árvores, gramados, lagos e alguns espaços de cultura, de ciência e lazer. Sombra boa, com temperaturas bem diferentes do centro, das torres de concreto. Alguns termos definem as impressões que o parque nos causa: convivência, paz, cuidado com o corpo e mente, busca espiritual, amor, descanso, carinho, cultura. Lá dentro, o ritmo é outro, bem diferente da avenida que passa em frente ao parque. Andando nos caminhos internos, cruza-se com todos os tipos de gente, idosos fazendo caminhadas, crianças, adultos de todas as idades, caminhando, correndo, andando de bicicleta, fazendo patinação, de skate, conduzindo cachorros. Sozinhos, em casais ou em grupos. Gente lendo, fazendo piqueniques com os colegas, casais namorando, sentados ou deitados no gramado, sem nenhum problema. Gente meditando, brincando. Parece que o medo ficou lá fora. Um lugar humanizado, do encontro e do respeito possível. Um lugar de harmonia. Além do Parque Ibirapuera, fui visitar o Parque Trianon, que fica em frente ao MASP, na avenida paulista, e o Parque Água Branca. Neste último funciona a Feira de alimentos orgânicos, promovida há anos pela AAO – Associação da Agricultura Orgânica, e o Parque da Luz que fica em frente a Estação da Luz, ao lado do Museu Pinacoteca. Todos os Parques visitados, limpos, bonitos, seguros, cheios de pessoas, que fazem caminhadas, que ficam sentados, que namoram, que ficam sozinhos pensativos sem ninguém perturbá-los. Uma visão de São Paulo diferente, prazerosa, onde temos a sensação de que é possível, de acreditar, de sermos otimistas na possibilidade de espaços de convívio coletivos.
Durante a semana que estive visitando a cidade, fiz como das outras vezes, a mochila nas costas, e uma agenda da semana cheia com vários lugares que eu gostaria de visitar, como o centro da cidade, livrarias, sebos, praças, parques, museus, restaurantes, e é claro as informações básicas de como chegar nos lugares de ônibus e metrô. Uso há muito tempo o transporte coletivo, em todas as cidades que morei, seja Passo Fundo, Pelotas, Bagé ou agora a Chapecó. Em São Paulo foi assim, andei de ônibus, lotações e metrô. É uma maneira de sentir a cidade bem perto, e como a população vive o seu cotidiano. E a metrópole São Paulo está condicionada a usar transporte de massa. Não há alternativa. A idéia de que cada um terá seu carro é equivocada pra qualquer lugar, mas aqui é mais premente, mais urgente, mais visível. É preciso investir e melhorar constantemente o transporte coletivo, para oferecer um serviço de qualidade para a grande massa de pessoas trabalhadoras. Eu defendo que o transporte coletivo deve ser gratuito e financiado pelos que têm automóveis, porque o povo que usa o coletivo presta um serviço de relevância social ao não circular de carro individual. Quem quer andar de carro deveria financiar o transporte público.
No dia 10 de maio de 2008, o noticiário da televisão informou que a cidade teve um engarrafamento de 266 quilômetros. Tudo parou, congestionou, com os carros em 46 minutos rodando apenas um quarteirão. Atualmente existem 6 milhões de veículos e 3 milhões de motocicletas rodando em São Paulo. São 800 novos carros a cada dia. O ano de 2008 no Brasil bateu recorde de produção e venda de carros, apesar da crise econômica mundial. Continuando assim, estima-se que em quatro ou cinco anos quase dobre o numero de veículos, e a previsão é que o trânsito entre em colapso. Como na previsão contida no livro “Não Verás País Nenhum” (autor Inácio Loyola Brandão), que por volta de 2012 a cidade paralisaria. A profecia apocalíptica está prestes a se cumprir: a cidade parece que vai ter um infarto. Tantos carros soltando fumaça no ar aumenta a poluição, consequentemente as internações. Muitas doenças crônicas surgem devido a poluição, isso aumenta os gastos públicos com saúde. Estima-se entre 4-9% de novos casos de cânceres de pulmão são devido a poluição. Mesmo diminuindo o enxofre no combustível e carros menos poluentes, a verdade é que não há espaço físico para tantos carros. A saída é coletiva. Resta convencer a classe média e os que estão em ascensão que esta é o único caminho. Se não for convencida pela consciência o recurso será implantar o que já existe em outras grandes cidades, a cobrança de pedágios. O que já ocorre em São Paulo é o rodízio onde uma vez por semana 20% dos carros são impedidos de rodar. Em Tóquio, por exemplo, quem quer comprar um carro, tem que pedir licença para a prefeitura e provar que tem lugar para guardar o veículo. Em Londres há pedágio, que estava fixado em R$ 26,00 por dia no ano de 2008, para quem estacionar seu veiculo no centro da cidade. Não tem mais lugar nas ruas, mas todo mundo quer ter o seu carrinho. A média de mobilidade em São Paulo é de 10 km por hora, igual à do século XVII. A poluição faz que a cidade tenha vários climas ao mesmo tempo, o que é alterado por ilhas de calor que se formam durante o dia nas regiões mais urbanizadas, afetando a saúde das pessoas. O custo da poluição dos automóveis na Região Metropolitana de São Paulo para a saúde pública é de R$ 1,5 bilhão por ano, segundo a revista FAPESP (n156, fev 2009) citando estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Estima-se que 40% da poluição do ar é gerado por transportes movidos a combustível fóssil.
Uma semana em São Paulo, andando de dia e também a noite não presenciei nenhum assalto, nenhuma cena de violência. Em alguns lugares como o Parque Trianon, no centro da cidade, no Parque Ibirapuera, há policiamento ostensivo, sente-se a presença do estado e as pessoas parecem sentir-se seguras, andam tranqüilas. Mas a São Paulo que proporciona oportunidades também cria ilusões. Atualmente cerca de 20% dos moradores vivem em favelas, muitas delas em áreas de risco. Somente a favela de Eliópolis tem 100 mil habitantes. Há muito desemprego, trabalho informal, tráfico de drogas, moradias precárias e sempre improvisadas. Aliás, a própria vida de milhões parece estar sempre improvisada e a espera de milagres. A cidade precisa de grandes projetos de urbanização, que humanizem o cotidiano, que além de moradias dignas proporcione lazer, educação, esporte, saúde, convivência e criação cultural. Tudo tem solução, mas precisa de vontade política e ter prioridades.
O centro da cidade, na Praça da Sé e seus arredores a cidade fervilha, com muitos populares circulando. Uma coisa que chama a atenção são os artistas populares. São muitos os artistas que ganham – ou tentam ganhar – a vida com seus dotes, seus truques, seus dons. Com destaque para os nordestinos, e suas sanfonas, alguns contadores de estórias, repentistas. Mas por lá se vê sempre alguém tocando violão e cantando. Nota-se também a presença de religiosos que pregam suas crenças, tentando convencer as pessoas. No centro há pregadores evangélicos, uns vestidos com roupas de frades, baianas colocando búzios, ciganas, e outros. Andei pelas ruas, tirei fotos e tomei café. Nos arredores da Praça da Sé, visitei alguns sebos, comprei vários livros, com destaque para um do grande líder socialista russo Lênin sobre a economia russa do início do século XX, outro livro chamado A História da Cultura, de conteúdo de antropologia, e um belo livro importado sobre árvores, com ricas ilustrações. Mas uma cena deprimente é ver no centro da cidade mendigos a praça, e principalmente pessoas drogadas, viciadas em crack, atiradas nas calçadas, condenadas pelo vício.
Visitei o Mercado Público de São Paulo e valeu a pena. Este é um espaço público que também foi revitalizado pela prefeitura na gestão de Marta Suplicy e hoje é um local de visitas, de compras, de convívio humano e de valorização da alimentação e da cultura. Nas bancas do mercado se compra de tudo em termos de alimentação, com destaque para queijos de várias partes o mundo, grãos, carne de sol, embutidos diversos, temperos, conservas, frutas secas e naturais, bacalhau seco e muitos outros produtos de origem vegetal e animal, como peixes e carnes diversas. No mercado tem várias lanchonetes e restaurantes onde se encontra sanduíches de mortadela, pastéis e bolinhos de bacalhau, tradicionais da cidade. Pode-se comer acompanhados de chope ou de café. É um ótimo lugar para se visitar e sentir o humano e histórico que há na metrópole, conversar ou só observar o convívio. Um espaço especial, que resgata a tradição, respeita a cultura popular dos mercados públicos e se compra e se come com qualidade.
O museu do Ipiranga é de grande beleza, iniciando por sua arquitetura e seus jardins. Mas o acervo do museu é de grande importância cultural e histórica para o Brasil. Além deste visitei o museu Anchieta, a Pinacoteca, a Estação da Luz, e é claro o MASP – Museu de Arte de São Paulo. No MASP pude ver obras de grandes artistas nacionais e internacionais como Van Gogh e Monet. A arquitetura e a engenharia moderna do MASP impressionam, é sem dúvida, um patrimônio cultural do país. Em frente a famosa Avenida Paulista, onde comprei vários livros numa banca a R$ 9,90, como um biografia do líder palestino Yasser Arafat e um grande livro chamado Vida uma biografia não autorizada, que trata da evolução da vida no planeta. Andando umas três quadras dali descendo pela famosa Rua Augusta encontrei uns sebos e umas lojas de discos, e um vendedor ambulante do qual comprei uns documentários e filmes raros, como The Corporation, A Guerra do Fogo, a Sociedade do Espetáculo, Admirável Mundo Novo. Um camelô de grande relevância cultural, que ao tentar fazer negócio comigo corria dos fiscais da prefeitura. Para poder compra tive que esperar ele ir e vir, se escondendo da fiscalização. E por perto, sempre se acha bons locais pra tomar um cafezinho e observar o movimento.
Em uma noite tive o privilégio se subir a novíssima e belíssima Ponte Estaiada, que se projeta como um novo cartão postal da cidade. Uma grande obra da engenharia moderna, que reitera que as pontes não são somente úteis, mas podem ser também cartões postais para serem admiradas e lembradas, tornando-se símbolos, como acontece com cidade como São Francisco, Nova York, Londres, Brasília. Aponte é sustentada por cabos de aço, com duas pistas que se cruzam sobre o Rio Pinheiros. Um dia de noite passamos pelo sambódromo e deu pra ver a grandeza da festa, que em São Paulo fica a cada ano maior, e se aproxima do carnaval carioca.
Visitei a Galeria do Rock, local especializado em coisas do universo da música, ou mais especificamente do rock ‘n roll. Ali se encontra de tudo, como discos antigos, atuais, comuns ou raros, importados. Roupas, como camisetas de bandas, instrumentos diversos, indumentárias que povoam o imaginário da juventude rebelde. Aliás, na Galeria do Rock, é cheio de gente rebelde, de muitas tribos, de gostos variados, que se sente no visual. Poderia se dizer que São Paulo tem um templo dedicado ao rock. Comprei botons para por na jaqueta, das bandas The Doors, The Rolling Stones, Rush.
No domingo e penúltimo dia fomos com toda a família ao um passeio no Zoológico, onde ao lado do Parque funciona um Safári, onde se pode entrar no meio da mata, por uma estradinha e ir observando os animais soltos, alguns circulando por entre os carros. Um mergulho na natureza, bem pertinho da cidade de concreto.
São Paulo é assim, com favelas, com bairros classe média de contínuos de casas gradeadas, com torres de prédios modernos. Com a Avenida Paulista que se impõe como centro do capitalismo brasileiro. São Paulo traz em si as contradições do mundo. A região metropolitana tem umas das bases operárias mais organizadas do mundo, com um sindicalismo que ajudou a democratizar o país. A cidade já foi governada por esquerda e direita, onde ambas têm bases sociais de influência na política nacional. O encontro dos contrários. O contraditório em movimento.
Na segunda-feira de carnaval, mês de fevereiro, Roger, Cris, Richard foram me levar no aeroporto de Guarulhos, onde peguei o vôo para Porto Alegre, depois ônibus Unesul para Passo Fundo e Palmeira das Missões. Trouxe muitas fotografias, muitos livros, alguns cartões postais. Mas, sobretudo, muitas lembranças legais.
A vida sempre vale a pena, mas mais ainda quando somos capazes de romper barreiras impostas, quebrar ritos, e ter novos conceitos, colocando abaixo antigos e novos preconceitos, quando passamos a ver as coisas com novo olhar. Mudar a perspectiva do olhar as vezes implica em mudar a própria vida.
Acredito que devemos globalizar a solidariedade, o otimismo e as esperanças coletivas são as saídas para um mundo melhor. E, não adianta negar a metrópole e achar que as pessoas um dia voltarão ao campo para serem felizes. Deve-se assumir a tarefa gigantesca de democratizar a riqueza, garantir e universalizar direitos, socializar os sonhos, e acreditar que a vida na metrópole pode sim, ser como a harmonia que sentimos no Parque Ibirapuera, no Parque Trianon, no Parque Água Branca, no Parque da Luz. Eu acredito que pode sim, a vida ser assim.

Demilson Figueiró Fortes
Chapecó-SC, 2009.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Presidente vetará plantio de cana em algumas regiões do país

www.ambientebrasil.com.br

Lula vetará o plantio da cana em 50% do país

Com um ano e dois meses de atraso, o presidente Lula vai anunciar o veto à expansão das plantações numa área de 4,6 milhões de quilômetros quadrados - mais da metade do território nacional- e em regiões que mantenham a vegetação nativa no restante do país. Essas serão as principais medidas do "selo verde" que quer imprimir ao projeto do álcool combustível, escanteado devido à prioridade ao pré-sal.
Em discurso na sede da União Europeia, em Bruxelas, em julho de 2007, Lula afirmou que o biocombustível brasileiro não aumentaria o desmatamento nem avançaria sobre a produção de alimentos. Desde então, esse compromisso ficou limitado às palavras.
Com exceção das nove usinas que operam na Amazônia e na área do entorno do Pantanal mato-grossense, novos empreendimento serão proibidos nessas regiões, segundo a proposta. O projeto estimulará novas plantações de cana em áreas de pastagens degradadas.
A expectativa de governo e produtores é duplicar a área de cerca de 7 milhões de hectares (ou 70 mil quilômetros quadrados) de cultivo até 2017. Objeto de longa e acirrada disputa no governo, as regras do zoneamento da cana correm o risco de serem alteradas no Congresso antes de entrarem em vigor.
Aos ministros, Lula anunciou que não podia comprometer a estratégia do álcool "verde" para atender aos interesses de produtores rurais do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, aliados do ministro Reinhold Stephanes (Agricultura). Mas, ao optar por um projeto de lei - e não por medida provisória-, Lula abriu caminho para novo "round" entre o agronegócio e os ambientalistas.
O anúncio do zoneamento da cana está confirmado para o dia 17. O evento terá 300 convidados. Integrantes do governo reconhecem no ato comandado por Lula uma resposta à movimentação da pré-candidata ao Planalto Marina Silva (PV). O compromisso com o biocombustível verde extrapola, porém, o debate político interno. Tem a ver com a imagem internacional e com a possibilidade de barreiras não-tarifárias à venda do álcool no exterior.
Essa preocupação foi exposta em carta a Lula pelo presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank. A carta registra que "percepções errôneas sobre a correlação entre biocombustíveis e desmatamento ainda persistem" e pede a definição breve das regras.

Lobby - O lobby mais forte e principal entrave ao zoneamento da cana até aqui tem como pivô uma área de 110 mil quilômetros quadrados no entorno do Pantanal. Ambientalistas alegam que o cultivo de cana na área, onde já operam cinco usinas, pode contaminar o Pantanal. O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ameaçou deixar o governo caso a área fosse liberada para a cana.
Os produtores locais, que esperavam fazer da borda do Pantanal um novo polo de produção de açúcar e de álcool, prometem reagir. "70% da produção do Mato Grosso se concentra nessa região e três novos projetos estavam aguardando a liberação. A decisão é um retrocesso", disse Jorge Santos, diretor do Sindálcool (Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado do Mato Grosso).
A mobilização para tentar mudar a proposta do governo no Congresso é confirmada pelo presidente do BioSul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda. "Há cerca de um milhão de hectares que poderiam receber novos projetos", defende.
A presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), avalia que o zoneamento da cana deveria se limitar a medidas de incentivo à produção em áreas que o governo considerasse mais aptas, sobretudo por meio de financiamento público. "Proibir é uma coisa de que não gosto; ferir o direito de propriedade e a livre iniciativa incomoda", disse.
A proposta do governo prevê o veto à expansão da cana na Amazônia e no entorno do Pantanal não só via licenciamento, mas por meio de autorização do Ministério da Agricultura às novas usinas. Outra medida é proibir o corte da vegetação nativa para o cultivo de cana. A desobediência poderá levar ao embargo da produção.
(Fonte: Marta Salomon/ Folha Online)

Países pobres precisam de ajuda para enfrentar as mudanças climáticas

www.ambientebrasil.com.br

Países pobres precisam de um Plano Marshall para as mudanças climáticas

Os países pobres precisam de um verdadeiro "Plano Marshall", de cerca de 600 bilhões de dólares (419,47 bilhões de euros) por ano a partir de agora, para enfrentar rapidamente as mudanças climáticas, segundo um relatório da ONU divulgado nesta terça-feira (1º).

"Para orientar as despesas de investimento para a obtenção de um crescimento ideal, um apoio internacional maciço deverá se manifestar sob a forma de um programa de investimento mundial", indica o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (DESA) em seu estudo.

Os países pobres "precisam de um plano Marshall", insistiu um dos autores do estudo, Richard Kozul-Wright, durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Kozul-Wright considera que entre 500 e 600 bilhões de dólares por ano, ou seja, cerca de 1% do produto mundial bruto, seriam necessários para ajudar os países pobres a enfrentar os problemas relacionados ao clima.

Para a ONU, a questão das mudanças climáticas não pode ser simplesmente resolvida por uma diminuição generalizada das emissões de gases do efeito estufa de todos os países em relação aos seus níveis atuais.

O valor das despesas públicas destinadas a atenuar os efeitos das mudanças climáticas chega a apenas 21 bilhões de dólares por ano, enquanto que centenas de bilhões de dólares são necessários, indica a ONU.

Solucionar esse problema está no centro das discussões que antecedem a próxima Conferência de Copenhague, que será realizada em dezembro. Durante o encontro, os chefes de Estado e de governo deverão tentar chegar a um acordo que deve suceder o Protocolo de Kyoto a partir de 2013.

Esse acordo deve permitir conter o aumento das emissões de gases do efeito estufa que podem levar a um aquecimento global que pode chegar a 6,4°C até o fim do século, segundo as previsões do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec).

"Precisamos de um verdadeiro New Deal", insistiu Kozul-Wright, ressaltando que os países em desenvolvendo são aqueles que sofrem mais os efeitos das mudanças climáticas.

As estimativas citadas no relatório indicam que por cada aumento de 1°C nas temperaturas mundiais médias, o crescimento anual nos países pobres poderá cair de 2 a 3 %, sem, entretanto, causar a menor mudança no crescimento dos países ricos.

Para os países pobres, o desafio principal é "casar os objetivos de desenvolvimento com os objetivos ligados às mudanças climáticas", explicou aos jornalistas o diretor da organização não governamental South Center, Martin Khor.

A ONU recomenda aos países ricos que favoreçam transferências de tecnologia para os países pobres.

"Grandes investimentos seriam necessários imediatamente, sobretudo no setor público, para construir novas infraestruturas energéticas", estipula o estudo.

"As tecnologias necessárias existem, mas elas são caras", insistiu Khor.

Segundo a ONU, "o desrespeito por parte dos países ricos de seus compromissos de longo prazo para uma ajuda internacional para a redução da pobreza e para uma transferência significatica de recursos e de tecnologia constitui o principal obstáculo para a resolução do problema das mudanças climáticas".
(Fonte: Yahoo!)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Consumo nos EUA emite mais CO2

23 / 07 / 2009 (www.ambientebrasil.com.br)

Consumidores americanos são os maiores emissores de CO2

Os Estados Unidos são de longe o maior emissor de gases causadores do efeito estufa, à frente da China, se os consumidores dos países ricos forem responsabilizados pelo carbono emitido na produção dos bens que adquirem, disse um pesquisador nesta quarta-feira (22).

Os gases causadores do efeito estufa geralmente são contabilizados para os países onde ocorre a emissão. Esses dados indicam que a China superou os EUA como maior poluidor.
Mas ajustando as emissões para atribuí-las ao país onde são consumidos os bens gerados por elas faz com que a conta dos países ricos cresça, diz o pesquisador do Centro para Pesquisa Climática e Ambiental de Oslo (Cicero), Glen Peters.

"O ranking faz muitos países ricos parecerem pior e muitos países pobres, melhor", disse ele.

No ranking de 73 nações, os americanos têm a maior "pegada de carbono" anual, equivalente a 29 toneladas de carbono per capita, à frente de australianos (21 toneladas) e canadenses (20 toneladas).
Cada cidadão chinês conta, na avaliação baseada em dados de 2001, com meras 3,1 toneladas.

Ajustando-se a proporção para evitar distorções causadas pela enorme população chinesa, o resultado é 7,9 bilhões de toneladas em emissões americanas e 3,9 bilhões de emissões chinesas.

Países em desenvolvimento já indicaram que os países ricos deveriam responsabilizar-se mais pelas emissões geradas na produção de produtos para exportação. Um novo tratado da ONU sobre mudança climática deverá ser firmado em Copenhague, em dezembro.

O estudo de Peters determinou que os consumidores de cada país tendem a ter uma pegada de carbono cada vez maior à medida que enriquecem, uma descoberta desanimadora para governos que tentam manter o compromisso com o corte de emissões e com o crescimento econômico.

"Uma vez que você tenha comprado comida e pago pela sua casa, o que você faz com o dinheiro que sobra é consumo de luxo", disse Peters. "Quanto mais dinheiro você ganha, mais emissões você tem".

Ele sugere que os governos tentem canalizar o consumo para atividades mais baseadas em serviços, como teatro ou restaurantes.

(Fonte: Estadão Online)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Mandioca fica mais tóxica com CO2 no ar

01 / 07 / 2009 www.ambientebrasil.com.br

Mandioca fica mais tóxica com CO2 no ar, sugere estudo

Culturas como a mandioca, das quais milhões de pessoas em todo o mundo dependem, tornam-se mais tóxicas e produzem menos em um mundo com mais gás carbônico e secas, dizem cientistas australianos.

Ros Gleadow, da Universidade Monash (Melbourne), testou a reação da mandioca e do sorgo a uma série de cenários de mudança climática para estudar a qualidade nutricional e a produtividade.

Ambas as espécies produzem o veneno cianeto quando suas folhas (e, em algumas variedades de mandioca, a raiz) são esmagadas. O grupo testou as plantas com três concentrações diferentes de CO2.

Com o dobro da concentração atual (380 partes por milhão) de CO2, o nível do composto tóxico da mandioca fica bem mais alto. Entretanto, o aumento é só nas folhas. "Mas a planta não cresce tão bem", disse Gleadow.

(Fonte: Folha Online)

Dióxido de carbono e desaparecimento de corais

08 / 07 / 2009 www.ambientebrasil.com.br

Especialistas prevêem que recifes de corais desapareçam neste século

Os recifes de corais desaparecerão neste século caso as emissões de dióxido de carbono (CO2) não sejam reduzidas drasticamente, informou um painel de especialistas, em uma reunião realizada na Royal Society de Londres, nesta terça-feira (7).

O encontro, organizado pela Sociedade Zoológica britânica, pelo Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês) e pela Royal Society, teve o objetivo de identificar alvos e fixar prazos concretos de atuação contra o aquecimento global.

A previsão dos cientistas é que, antes de 2050, seja alcançada uma concentração de CO2 na atmosfera de 450 partículas por milhão (ppm), um ponto "a partir do qual os corais podem chegar à extinção em questão de décadas".

"O nível seguro de CO2 que deveríamos perseguir é de 320 ppm, porque agora sabemos que 360 ppm é o nível no qual os recifes deixam de ser viáveis em longo prazo", afirmou o professor John Veron, um dos principais especialistas do mundo em recifes.

Vernon se mostrou pessimista sobre a capacidade dos políticos de responderem a este desafio.

Se a situação continuar assim, o analista afirmou que "o que agora consideramos um ano ruim, será um ano normal em 2030 e um ano muito bom em 2050. A situação continuará piorando, antes de melhorar, façamos o que façamos".

(Fonte: Folha Online)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Aquecimento global: efeitos do CO2 nos oceanos

Filme alerta para os efeitos do CO2 nos oceanos

O longa-metragem ''A sea Change'' (Uma mudança no mar), da americana Barbara Ettinger, fascinou e assustou os espectadores do XI Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica), realizado na cidade de Goiás Velho, na quarta-feira (17) ao alertar para o grave problema ambiental da acidificação dos oceanos.

Rodado no formato docudrama - uma mistura de documentário e ficção -, o filme acompanha o educador norueguês radicado nos Estados Unidos, Sven Huseby, que fica aturdido ao ler um artigo sobre a acidificação dos oceanos em consequência da poluição por dióxido de carbono (CO2).

A cineasta segue Huseby em sua jornada em busca de explicações e respostas, que, à medida que aparecem, deixam o educador e o público cada vez mais perplexos.

Ao participar de uma conferência de oceanógrafos em Seattle, nos Estados Unidos, Huseby descobre que o oceano absorveu 118 milhões de toneladas cúbicas de CO2 em 200 anos, 43% disso apenas nas duas últimas décadas, e que a maior ameaça desta mudança é a completa extinção da vida marinha.

"A comunidade científica cometeu um erro ao subestimar os efeitos da absorção de dióxido de carbono pelo oceano. As consequências são imprevisíveis", afirma um dos cientistas reunidos em Seattle.

Entre outros efeitos, a água mais ácida dissolve a concha de mariscos e outros animais marinhos, como os corais, que podem simplesmente deixar de existir dentro de 50 anos, segundo cálculos de alguns oceanógrafos. No caso dos pterópodes, pequenos moluscos de menos de um centímetro protegidos por uma fina concha, a situação é ainda mais grave: por estarem na base da cadeia alimentar de milhares de espécies, sua extinção causaria um dano irreparável.

No final do filme, Ettinger mostra exemplos de investimento na produção de energia limpa, essencial para conter as emissões de CO2. Huseby mostra ainda iniciativas bem sucedidas de implantação de energias limpas tradicionais, como a solar e a eólica, e de fontes menos conhecidas, como a geotérmica e a que utiliza a força das ondas do mar.

Antes do Fica, "Uma mudança no mar" já havia sido apresentado em festivais internacionais como os de São Francisco, na Califórnia, e de Seattle, em Washington. Em Goiás Velho, ele concorre com outras três produções pelo principal prêmio da mostra competitiva, que será anunciado no sábado. Um total de 556 obras de 47 países estão sendo apresentadas nesta mostra, a maioria fora de competição.

(Fonte: JB Online)
www.ambientebrasil.com.br

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ONU: aumenta a fome no mundo

ONU: com crise, número de desnutridos ultrapassará 1 bilhão

A barreira de um bilhão de pessoas que passam fome será superada em 2009 em consequência da crise econômica mundial, anunciou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
"Pela primeira vez na história da humanidade, mais de um bilhão de pessoas, concretamente 1,02 bilhão, sofrerão de subnutrição em todo o mundo", adverte a FAO em um relatório sobre a segurança alimentar mundial.
"O número supera em quase 100 milhões o do ano passado e equivale a uma sexta parte aproximadamente da população mundial", destaca a agência especializada da ONU, que tem sede em Roma.
Segundo as estimativas da FAO, baseadas em um estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, "a maioria das pessoas subnutridas vive em países em desenvolvimento". Quase 53 milhões de pessoas sofrerão fome em 2009 na América Latina e Caribe.
O número chega a 642 milhões na Ásia-Pacífico, 265 milhões na África subsaariana, 42 milhões no Oriente Médio e África do Norte e 15 milhões nos países em desenvolvimento.
O número de subnutridos no mundo passou de 825 milhões no biênio 1995-1997 a 873 milhões de 2004 a 2006.
Em 2008, o númerou caiu de 963 milhões a 915 milhões por uma melhor distribuição dos alimentos, mas a tendência se reverteu com o agravamento da crise econômica e financeira do fim do ano.
Para a FAO, o objetivo fixado em 1996 na Cúpula Mundial sobre a Alimentação (CMA) de reduzir à metade o número de pessoas com fome não será alcançado.
A meta foi ratificada, no entanto, com o compromisso de ser atingida em 2015, em uma reunião da ONU em Roma em junho de 2008. Mas a redução da renda pela crise e os elevados preços dos alimentos foram devastadores para as populações mais vulneráveis.
As estimativas da FAO confirmam a tendência desalentadora da última década para uma insegurança alimentar maior e revelam claramente o impacto da crise nas populações mais pobres do planeta.
"O aumento da insegurança alimentar que aconteceu em 2009 mostra a urgência de encarar as causas profundas da fome com rapidez e eficácia", afirma a organização.
"A atual desaceleração da economoa mundial, que segue a crise dos alimentos e dos combustíveis e coincide em parte com ela, está no centro do fuerte aumento da fome no mundo", indica a agência da ONU.
As estimativas alarmantes da FAO foram publicadas três semanas antes da reunião de cúpula dos chefes de Estado e de Governo do G8, os oito países mais ricos do mundo, na cidade italiana de L'Aquila, de 8 al 10 julho.
A crise econômica e suas repercussões, em particular na África, o continente mais afetado, estão na agenda da reunião.
Na América Latina e Caribe, a única região que registrou sinais de melhora nos últimos anos, também foi comprovado um aumento (12,8%) do número de desnutridos. Até nos países desenvolvidos, a desnutrição se transformou em uma preocupação cada vez maior.
O relatório completo sobre a insegurança alimentar no mundo será apresentado oficialmente em outubro.

Fonte: Terra Notícias/AFP
19 de junho de 2009

Mudanças climáticas e produção agrícola

19/06/2009 (WWW.ambientebrasil.com.br)

Mudança climática ameaça afetar produção agrícola

A rápida elevação nas temperaturas mundiais poderá levar vantagem sobre os esforços dos agricultores em manter a produção, dizem especialistas que pedem verbas para desenvolver novas culturas e congelar as linhagens resistentes ao calor desenvolvidas ao longo dos séculos passados.

Um estudo da Stanford University a ser publicado na sexta-feira (19) estima que os períodos de cultivo africanos para os alimentos básicos do continente - milho, painço e sorgo - serão mais quentes em nove de cada dez anos até 2050.

Os produtores podem fazer adaptações mudando os tempos de cultivo ou usando variedades novas, mas o ritmo da mudança exigirá uma ajuda extra, conclui o estudo na revista Global Environmental Change.

"Para a maioria dos produtores da África, o aquecimento rapidamente tomará conta do clima, não apenas para além da variação da experiência pessoal deles, mas também para além da experiência de outros produtores de seus países", afirmou o estudo, cujos autores são de Stanford e do Global Trust Diversity Trust.

Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Europeia revisaram recentemente os impactos da mudança climática.

A Casa Branca publicou nesta semana um relatório prevendo que ondas de calor, enchentes, secas e pestes danificarão as plantações e concluiu, por exemplo, que a produção de amoras poderá se tornar impraticável na área central da Costa Leste até 2050.

A Grã-Bretanha disse na quinta-feira que serão "inevitáveis" verões 2 graus Celsius mais quentes no sul da Inglaterra até a década de 2040 e citou uma pesquisa com produtores indicando que metade deles já sofre os efeitos.

A comissão executiva da União Europeia indicou em abril uma pesquisa mostrando efeitos positivos para os próximos 30 anos - por exemplo, invernos mais amenos - mas efeitos negativos cada vez maiores com o passar do tempo.

"A magnitude das mudanças climáticas pode exceder a capacidade de adaptação de muitos produtores", disse ela.

O desenvolvimento de safras mais resistentes, por exemplo, envolve uma década ou mais de culturas ou de desenvolvimento de variedades novas, até que elas cheguem às mãos dos agricultores.

(Fonte: JB Online, 16/06/2009)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Felicidade, segundo o poeta Mário Quintana

FELICIDADE REALISTA


A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema; queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente
quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar.
É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.
Mário Quintana.

16/06/09

Estudo do governo dos EUA prevê catástrofes naturais por ação do homem

Mas cientistas dizem que ainda há tempo para evitar consequências.
Alerta da gestão Obama também mostra mudança em relação à era Bush.

Um relatório do governo norte-americano divulgado nesta terça-feira (16) afirma que a poluição no planeta atingiu o pior nível da história. E previu que a ação do homem vai provocar catástrofes naturais nos próximos cem anos.

Tempestadoes mais intensas, tornados mais devastadores, secas e inundações com grande poder de destruição - como as que aconteceram no Norte e no Sul do Brasil.

A explicação para as mudanças extremas no clima do mundo está em quase 200 páginas do relatório do programa americano de pesquisas climáticas globais.

Segundo o estudo, não há dúvida: o aquecimento global, provocado em grande parte pelo homem, está ameaçando o planeta.

O relatório revela que a temperatura da Terra aumentou quase um grau desde mil e novecentos e deve subir entre um e seis graus nos próximos cem anos.

Em 2.000 anos o nível do mar subiu 20 centímetros. E essa medida deve dobrar dentro de um século.

Mas cientistas que estavam na apresentação do relatório, nesta quarta, afirmaram que ainda não é tarde para evitar as consequências mais devastadoras: mais tempestades, erosões e inundações principalmente na costa americana, no Golfo do México, em ilhas do Pacífico e em parte do Alasca.

O aumento da temperatura também pode causar doenças provocadas pela contaminação da água e do ar, infestação de pragas na agricultura, num desafio à produção de grãos e a criação de animais.

Os Estados Unidos, maiores emissores de gases poluentes, estão entre os países que mais devem sofrer com o destempero da natureza. O ex-presidente George W. Bush antes se recusava a controlar a emissão de gás carbônico. Mas essa é uma das promessas de Barack Obama.

Os pesquisadores dizem que as escolhas de políticas ambientais feitas a partir de agora serão determinantes na gravidade dos impactos e nas mudança climáticas que devem acontecer no futuro.




segunda-feira, 23 de março de 2009

AMOR


AMOR

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,

Se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que eu distribuísse todos os meus bens entre os pobres,

Ainda que entregasse meu corpo para ser queimado,
Se não tiver amor nada disso me adiantaria.
O amor é paciente e bondoso.
O amor não é cimento, nem orgulhoso, nem vaidoso, nem egoísta.

Não se alegra com a injustiça,
Mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais acaba;
Havendo profecias, desaparecerão;
Havendo línguas, cessarão;
havendo ciências, passará.
Agora, pois permanecem a fé, a esperança e o amor.
Porém, o maior destes é o amor.


(1 Coríntios 13:1-3-4-6-7-8-13)