quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia mundial sem carro

Dia mundial sem carro

O dia 22 de setembro é o dia mundial sem carro. Este é um movimento que iniciou há alguns anos na Europa e foi se espalhando pelo mundo. Embora seja ainda de pouco impacto, contribui para alertar e conscientizar sociedade e governos para o problema do trânsito e sobre alternativas sustentáveis.

Infelizmente, a maioria das pessoas pensa que haveria espaço para todo mundo ter seu carro. Imaginem o planeta com 7 bilhões de carros; inviável; loucura. Bem antes disso já haverá colapso. Se prevalecer o carro e o individualismo, no balanço final, coletivamente todos perdemos, somente ganham as fábricas e os vendedores, que buscam seus lucros. 
A saída é mudar a matriz do pensamento: prioridade ao transporte público, logística que não priorize colocar muitos caminhões nas ruas, cadeias produtivas mais curtas, comércio local com menos deslocamentos, bicicletas, carros com mais pessoas por veículo. Andar a pé, coisa que muitas pessoas não querem fazer, mesmo que em pequenos trajetos.

Enfim, o que precisamos é um novo modo de vida, em que cada um pode e deve fazer a sua parte no processo. Cada atitude de consumo ou de deslocamento causa impacto no todo. Somos um sistema.
 
Em cidades como Londres já há o pedágio urbano, política para inibir a circulação de carros em determinados locais. Esse será um caminho para todas as grandes cidades. O transporte individual é mais petróleo que causa efeito estufa e alterações climáticas, ou, os agrocombustíveis (biodiesel e álcool), que se colocam como opção energética, porém, usando usando terras para obter este tipo de energia significa menos área para o plantio de espécies utilizadas para alimentação, ou terras que poderiam estar ecologicamente preservadas como locais de preservação de biodiversidade e de proteção de mananciais de água. O biodiesel e o álcool não representam saídas ecológicas, mas são paliativos, que com o tempo devem ser superados também.
 
Para pensar as cidades e o planeta em bases sustentáveis, o que precisamos é defender o transporte público, de qualidade e eficiente. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, tem muito que melhorar, começando pelas paradas de ônibus que não podem deixar as pessoas desabrigadas, ao relento, realidade atual em muitos lugares. Ter opções de horários, pontualidade, e informações disponíveis sobre o sistema todo. Defendo que o transporte coletivo seja subsidiado e o individual taxado, pois somente assim teremos condições de fazer uma transformação de efeito.
 
Outra iniciativa necessária é o incentivo ao uso de bicicletas, com ciclovias seguras e locais para estacioná-las, parte que os empresários do comércio poderiam fazer e ainda não estão fazendo.

Hoje, dia 22 de setembro, um dia para reflexão e ação. Pode ser o início de alguma ação, sair da inércia. O nosso mundo poderá se melhor ou pior, e todos somos responsáveis para onde iremos. É claro, que uns tem maior poder que outros, como por exemplo, os governos, os empresários e os ricos, que podem dar maior contribuição, pois as comunidades mais pobres já são vítimas de tudo, inclusive, no trânsito, das longas esperas do transporte coletivo público em paradas muitas vezes com exposição ao frio ou calor, chuva, etc.
E, para lembrar: a fumaça dos carros, entra pelos nossos pulmões impactando o organismo todo. Há pesquisas em São Paulo, por exemplo, que é significativo as internações por doenças da poluição, principalmente crianças. Os estudos mostram que são grandes os gastos com saúde pública para enfermidades causadas pela poluição e pelos acidentes de trânsito. É preciso alterar isso.

Demilson Fortes
Porto Alegre, 22 de setembro de 2011.