O Governo
do Rio Grande do Sul, atendendo proposta das entidades agroecológicas
e ecologistas, fará homenagem outorgando a Medalha Negrinho do
Pastoreio à Ana Maria Primavesi. O deputado estadual Edegar Pretto
(PT) foi o porta-voz das entidades junto ao governador Tarso Genro da proposta dos movimentos e entidades.
A
solenidade será no dia 20 de dezembro de 2012, às 14h30min, no
Palácio Piratini, em Porto Alegre/RS.
SOBRE ANA MARIA PRIMAVESI
“O
solo sempre me fascinou, porque do solo dependem as plantas, a água,
o clima. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o
solo não for sadio e as plantas bem nutridas”
-
Ana Maria Primavesi
A
frase acima sintetiza o pensamento e a vida de Ana Maria Primavesi.
Essa mulher fascinante, nasceu na Áustria em 1920, depois veio para
o Brasil, onde mora desde 1949. Chegou ao país juntamente com seu
marido, já falecido, Artur Primavesi, com quem casou em 1946. Ele
também foi professor e pesquisador.
Austríaca,
naturalizada brasileira, é Engenheira Agrônoma, formada pela
Universidade Rural de Viena, com doutorado pela mesma universidade em
Nutrição Vegetal e Produtividade do Solo. Foi professora-adjunta da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde lecionou Manejo do
Solo e Nutrição Vegetal. Foi diretora do Laboratório de Química
do Solo e fundou o Laboratório de Biologia do Solo nesta
universidade.
Ana
Maria Primavesi foi uma agrônoma que inovou profundamente na ciência
do solo, assumindo uma perspectiva ecológica e superando a visão
reducionista predominante da Revolução Verde, que concebia a
fertilidade dos solos baseado nos insumos químicos pelo uso
intensivo de adubos minerais solúveis (nitrogênio, fósforo e
potássio) e na mecanização agrícola com a prática do
revolvimento (com aração e gradagem) do solo. Ana Primavesi afirmou
que a aração dos solos na região dos trópicos era um grande
equívoco, e que os adubos e agrotóxicos levam ao empobrecimento dos
solos, que por sua vez, abrem para desequilíbrios e doenças e
pragas e mais agrotóxicos. Para a pesquisadora, plantas equilibradas
nutricionalmente, solos ricos em matéria orgânica e biologicamente
vivos, dão as condições para uma agricultura produtiva
sustentável ao longo do tempo.
Dedicou
a sua vida profissional a pesquisar e divulgar conhecimentos sobre os
processos biológicos dos solos que dão suporte para os ecossistemas
e para uma agricultura produtiva e sustentável. Foi uma das
pioneiras na defesa da agricultura ecológica no Brasil, criticando o
uso de agrotóxicos e advertindo para os efeitos nocivos do manejo
inadequado dos solos tropicais e do uso de insumos químicos.
Além
de professora e pesquisadora, Ana Maria Primavesi, foi ativista da
agricultura ecológica e agricultora. Nestas últimas décadas fez
palestras, deu cursos, participou de conferências e assessorou
agricultores e entidades. Após ter se aposentado da UFSM, dedicou os
últimos 32 anos a atividades agrícolas numa propriedade rural
particular localizada no Estado de São Paulo, onde produziu de forma
ecológica, fez das suas experimentações agroecológicas um
laboratório vivo de interação entre produção agrícola e
natureza. Foi uma das fundadoras da Associação da Agricultura
Orgânica (AAO) e uma das vozes que deu impulso aos movimentos
agroecológicos da América Latina, que associaram organização
política com ecologia, desenvolvimento social e agricultura.
É
autora de vários textos, artigos científicos e livros. Destaca-se o
livro “Manejo Ecológico dos Solos: a agricultura em regiões
tropicais”, fonte de pesquisa e orientação teórica para milhares
de técnicos, pesquisadores e agricultores, que na definição do
professor Manoel Baltazar Baptista da Costa, da UFSCar, é “obra
prima da pedologia brasileira que viria a revolucionar os conceitos
até então dominantes”.
Neste
ano (2012), recebeu o “One Word Award”, principal prêmio da
agricultura orgânica internacional, conferido pela Internacional
Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM).
Ana
Maria Primavesi, deu ao Brasil e ao mundo uma das maiores
contribuições para a construção de uma nova concepção de
produção agrícola, hoje amplamente disseminada e conhecida pelo
conceito de agricultura sustentável. No Brasil, ao lado de outras
pessoas, ajudou decisivamente para a chamada “agricultura
alternativa” dos anos 80 ser alçada à condição de realidade
produtiva pela concretização na existência de feiras ecológicas,
associações e cooperativas, redes e movimentos de agroecologia.
Ela foi incentivadora e referência para muitos militantes sociais,
ONGs, movimentos do campo, ativistas do ecologismo popular e do
socioambientalismo, de estudantes e profissionais das universidades,
de técnicos, pesquisadores e de consumidores.
Os
movimentos de agroecologia do Brasil, da América e de outros
continentes reconhecem Ana Maria Primavesi como uma das maiores
referências da agrocologia e que deve receber a nossa gratidão e
homenagem por tudo que fez e ainda continua fazendo, apesar de seus
92 anos de vida.
Por
tudo isso, propomos ao Governador Tarso Genro uma homenagem para
agradecer e comemorar a existência desta lutadora. Sugerimos, dentre
outras possibilidades, a medalha Negrinho do Pastoreio (Decreto
Estadual nº 21.669/72) de reconhecimento do Rio Grande do Sul à Ana
Maria Primavesi pela alta relevância de sua obra, atuação
profissional e existência humana para a bem da sociedade brasileira
e pela sustentabilidade global.
São proponentes da homenagem, juntamente com o mandato do deputado Edegar Pretto (PT), entre outras
entidades e movimentos, as elencadas abaixo:
Rede
Ecovida de Agroecologia
Centro
Ecológico
CEA
- Centro de Estudos Ambientais
AGAPAN
– Associação Gaúcha
de Proteção ao Ambiente Natural
CETAP
– Centro de Tecnologias Alternativas Populares
CAPA
– Centro de Apoio ao
Pequeno Agricultor
AECIA
– Cooperativa dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado
Fundação
Gaia
MST
- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
APEDEMA
– Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente
ECOCAXIAS
– Associação dos Ecologistas de Caxias do Sul
Feira
Ecológica de Caxias do Sul
Feira
dos Agricultores Ecologistas da Avenida José Bonifácio
CONATERRA