quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Para pensar: "estamos comendo o futuro"

O Prof. Francisco Garrido Peña, da Universidade de Jaen, Espanha, na sua palestra, hoje à tarde, no Seminário de Agroecologia, falando sobre o modelo de produção e consumo definiu assim o comportamento da sociedade atual: "estamos comendo o futuro". Disse que é preciso desconstruir os mitos da economia de eficiência, competitividade e produtividade, pois estes, estão cheios de ideologia e de componentes éticos deste modelo em crise. Para ele, o conceito de cidadania deve ser social e ambiental, não individualista. (religación).

Garrido, afirmou que o PIB é um indicador cego e grosseiro, que é preciso novos parâmetros, que valorize a felicidade. Defendeu fomentar as instituições cooperativas frente as competitivas; fomentar os estímulos qualitativos frente aos quantitativos; fomentar a democracia cooperativa e deliberativa. Para Garrido, precisamos superar a "democracia de mercado", superar este "modelo de consumo". Reafirmou que a agricultura ecológica é mais eficiente em produção e em diversidade, se comparada à convencional.

Apresentou o seguinte resumo do paradoxo  relacionado a pobres e ricos,  dos seus impactos e vulnerabilidades ambientais:

1. Quanto maior a renda, maior o impacto ecológico;
2. Quanto menor a renda, menor o impacto ecológico;
3. Para os de maior renda, é menor a vulnerabilidade ecológica;
4. Para os de menor renda, maior é a vulnerabilidade ecológica.

"se não há equilíbrio, não há desenvolvimento".
"a crise da Europa não se resolve mudando de partidos políticos, tem que trocar o modelo".

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Os riscos aos pedestres



A lateral de uma ponte de concreto desabou em São Paulo. O desmoronamento ocorreu de noite, felizmente, ninguém se feriu. Se tivesse acontecido de dia, as pessoas que transitam pela lateral da ponte, poderiam sofrer acidente. Esse caso deve servir de alerta. O que ocorreu foi que a estrutura de concreto não teve manutenção, sofrendo infiltração, enferrujando, que comprometeu a estrutura. Acabou caindo de podre. Lembrei das marquises dos prédios nas cidades, sob as quais milhares de pessoas transitam, todos dos dias. Se não há manutenção e fiscalização, o risco existe.

Demilson Fortes

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Empresas sem responsabilidade

 
Uma reportagem no Bom Dia Rio Grande/RBS mostrou um exemplo de descaso ambiental, e a relação disso com a saúde humana. Produtos químicos tóxicos, que eram usados para tratamento de postes (1960-2005) foram abandonados num antigo depósito. Os indicadores de saúde revelam maior incidência de câncer no bairro onde se localiza o depósito, no Município de Triunfo/RS. As empresas "responsáveis" pelo produto são AES-SUL e CEE. Ou melhor dizendo: as empresas "irresponsáveis" são AES-SUL e CEE. O depósito fica na beira do rio, imaginem o impacto na água, no solo, na biodiversidade. O Ministério Público  entrou com  pedido de liminar para remoção do material. Segundo a matéria, o custo da operação de retirada, por empresa especializada, é de 30 milhões de reais, .
Demilson Fortes


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Crescimento e Decrescimento

Debate no facebook.

Postagem de Emir Sader:
Quem prega o "decrescimento" deve estar contente. A Europa ja decresce. E quem paga o preço mais caro sao os mais pobres.

Postagem de Demilson Fortes:
É uma colocação - e provocação - interessante Emir Sader. De fato, somente parar de crescer não basta. Por outro lado, somente crescer não basta também. E, mais ainda: como imaginar crescer o consumo infinitamente em um planeta finito com recursos naturais limitados? Como crescer sem limite em um planeta de leis ecológicas de auto-dependência sistêmica sem consequências? O aquecimento global está aí. A China cresce e milhões de pobres têm acesso a direitos importantes, entretanto, gera milhares de milionários que querem sair da China pela poluição que os pobres e os trabalhadores vão sentir e pagar, pois alguém sempre paga a conta ambiental. É um debate sério e complexo, onde a demagogia e o simplismo não colaboram. De minha, parte, como ecologista de esquerda, profundamente influenciado pelo marxismo - heterodoxo -, penso que, temos uma luta de classes em curso, pois quem mais consome e faz do planeta um lixo são os ricos. Penso também que para se ter um mundo melhor não se faz com posições anarquistas, nem liberais. É necessário enfrentar e superar o capitalismo, com ele não temos futuro coletivo. Ontem numa palestra com Serge Latouche, perguntei sobre Cuba, ele falou que Cuba apresenta ótimos indicadores de desenvolvimento humano com menores impactos ambientais (pegada ecológica). Eis aí, uma questão interessante, novamente Cuba, sinalizando que "outro mundo é possível". Este é um bom e necessário debate. Sobre a Europa atual falta de crescimento fez eles guinarem à direita, nos indicando que, posições simplistas de somente não crescer não nos basta. Defendo o ecossocialismo para um mundo de todos, do presente e para os que virão. A possível saída  - ou a saída possível - é o encontro do mundo do trabalho com a ecologia.

Porto Alegre, 22 de novembro de 2011.

domingo, 20 de novembro de 2011

sobre vídeo na rede


Infelizmente, está circulando na internet, um vídeo chamado "Belo Monte, quem manda no Brasil?", que tenta fazer uma crítica ao vídeo do movimento Gota D'água, em que artistas se posicionam contra a construção da usina Belo Monte.

Assisti e considero o tipo de material sem consistência, de baixo nível, feito para confundir, com inverdades, apostando no senso comum. Não se propõe ao debate sério, não apresenta argumentos para a sociedade estar melhor informada. Utiliza-se, do mesmo argumento do Aldo Rebelo, caso do código florestal, de um nacionalismo militarizado, que nessas horas aparece. Aldo Rebelo, como da mesma forma o vídeo, acusa estrangeiros e as ONGs de querer entregar a "nossa" Amazônia.

Por essa justificativa, então, se é brasileiro está autorizado a destruir a floresta, e foi o que Aldo Rebelo, de forma criminosa, fez no seu relatório. Não são capazes de enfrentar o debate dos impactos dessa opção de desenvolvimento, seja feito por brasileiros ou não. Os mesmos argumentos foram usados quando o Brasil demarcou as terras indígenas da Reserva Raposa do Sol, em Roraima, do progresso e do nacionalismo.

Esse é um debate sério sobre desenvolvimento e sustentabilidade, sobre o presente e futuro, e do compromisso com as futuras gerações. É ótimo que aconteça o debate, e todo (a) brasileiro (a) opine, mas sem os maniqueísmos e valores da era da ditadura militar. A causa ambiental e a causa dos trabalharores é internacional, e todos (as) são bem vindos (as).

Demilson Figueiró Fortes
Porto Alegre, RS.




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

As corporações derrotam Obama


O poder das corporações

Um projeto que pretendia garantir uma alimentação mais saudável nas escolas do EUA, do Presidente Barack Obama, foi derrotado, por influência do poderoso lobby da indústria. O projeto previa restrições de alguns componentes como açúcar, gordura e sal que, comprovadamente, causam muitos problemas de saúde.

Nos EUA, como em muitos países, a obesidade já é uma epidemia, crescendo a cada ano. Além das perdas humanas, isso impacta o custo da saúde, que fica mais cara. A sociedade sempre acaba pagando. Os números do crescimento no PIB de alguns setores iludem, pois na contabilidade final, causam mais prejuízos do que ganhos ao país.

Aqui no Brasil, as corporações do tabaco, bebidas e outros setores empresariais financiam campanhas e sustentam empresas de comunicação. Nos EUA, como no Brasil, o sistema das corporações fragilizam a democracia e dificultam avanços básicos, como deter, por exemplo, a obesidade e males causados pelo tabaco e pela bebida.

Demilson F. Fortes

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Espanha decadente


Que decadência da Espanha. O país está mergulhado numa crise socioeconômica aguda. Nos últimos meses, em meio à crise, protestos levaram milhares de pessoas às ruas, que se declaram o "movimento dos indignados". O paradoxo é que estes protestos contribuirão para colocar o país novamente sob governo conservador, do Partido Popular (PP), ideologicamente de direita, que por ter nos seus fundamentos o compromisso com setores de direita, vai tentar sair da crise com políticas neoliberais, de austeridade econômica e de natureza antissocial.

Com a direita retornado ao poder, novamente os ricos estarão protegidos e o capitalismo espanhol tentará novo fôlego. Este paradoxo deve provocar crise existencial nos indignados das ruas, que por protestarem contra a política mas não apresentarem força alternativa capaz de aglutinar um bloco de poder, estão contribuindo para a direita voltar ao governo.

Infelizmente, como podemos ver, pessoas nas ruas, mesmo que indignadas, se não assumirem a política como necessária e se não compreenderem as disputas que estão no cenário, poderão não ser a garantia que as coisas serão melhores, mas, pelo contrário, corre-se o risco das coisas serem ainda piores. Bom exemplo para pensar a realidade brasileira, onde a extrema esquerda anda com discurso afinado com a direita.

Demilson F. Fortes


sábado, 12 de novembro de 2011

Mujica



Trecho do discurso do Presidente do Uruguai, José Mujica, na Assembleia Legislativa no RS, dia 08/11/2011:

 " (...) somos um bicho gregário, necessitamos da sociedade. Temos que ser solidários por necessidade antropológica, porque não sabemos viver solitários, como os felinos. E, neste pêndulo entre egoísmo natural e solidariedade natural, se constrói a História. E, se move a história humana (...) .


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os milionários da China

 
No Programa Bom Dia Brasil, de hoje, reportagem sobre os milionários chineses que não querem mais morar no seu país. O crescimento da economia de estilo capitalista está possibilitando que muitas pessoas enriquecerem por lá. Assim, a China está cheia de milionários. Como justificativa para querer morar em outro país estão: liberdade, educação, saúde, e a poluição. Ocorre que, em algumas cidades chinesas o ar é insuportável, parecendo a revolução industrial inglesa, quando descobriu o carvão. 
O interessante da reportagem da Globo, é que os jornalistas - às vezes tão críticos - não são capazes de nessas horas fazer algumas considerações críticas sobre isso, apenas noticiam que os milionários buscam coisas melhores lá fora. Poderia ter uma análise mais completa, por exemplo, da relação da fortuna dos milionários com a situação ambiental da China. Mas a mídia tem dificuldade de fazer crítica ao capitalismo enquanto  sistema,  que enriquece alguns explorando o trabalho alheio, e da mesma forma, se utilizando dos recursos naturais e do meio ambiente até o seu esgotamento e ou degradação. Aí notamos que falta a real liberdade de imprensa aos jornalistas.
A verdade provável, é de que, estes milionários que querem "ar puro" em outro país, possivelmente enriqueceram ou estão com "negócios" que poluem e ou destroem ecossistemas, causando sérias consequências à saúde pública e a qualidade de vida da maioria das pessoas, principalmente as mais pobres, que não podem fugir da poluição.
A boa vida dos milionários na China está relacionada a existência da dura realidade dos trabalhadores que, do lado oposto da opulência, têm baixos salários, e  muitas vezes, péssimas condições de vida, lutando permanentemente pela sobrevivência, e também, da degradação ambiental, frequentemente  e amplamente divulgada. Para existir milionários na China, e no mundo todo, sempre há quem trabalhe e há quem pague pelos danos ambientais, alguns desses acertos de conta virão no futuro. O que se faz atualmente é,  simplesmente, transferir a dívida aos que virão.
Podemos concluir que os burgueses são todos iguais desde que surgiram, acumulam para si a riqueza material e transferem  para os outros - socializam com a coletividade - os problemas, principalmente os sociais e ambientais. Velho capitalismo de sempre, até na China dita comunista.
Demilson F. Fortes
Porto Alegre, dia 08 de novembro de 2011.