Catástrofe
ambiental deixaria 3,1 bilhões na extrema pobreza em 2050
Do UOL, em São Paulo
14/03/2013
Se
chegarmos a 2050 em um cenário de desastre ambiental, 3,1 bilhões
de pessoas a mais estarão vivendo na extrema pobreza, se compararmos
com os dados das projeções mais otimistas. Na comparação com o
cenário base, serão 2,7 bilhões a mais, segundo o relatório do
Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), divulgado
nesta quinta-feira (14), com base em números referentes ao ano de
2012.
O
relatório analisou vários cenários ambientais e considerou os
efeitos previstos do aquecimento global sobre a produção agrícola,
o acesso à água potável e o saneamento básico e poluição.
A ONU
deixa claro em seu relatório que apesar de as ameaças ambientais
como mudança climática, desastres naturais, desmatamento e poluição
da água e do ar atingirem todo o mundo, os países e comunidades
pobres são os mais prejudicados.
O sul da
Ásia e a África subsaariana serão as regiões mais afetadas.
Comparando com 2010, em 2050, serão mais 650 e 685 milhões de
pessoas na extrema pobreza, respectivamente. Se comparado com o
melhor cenário, são mais 1,194 bilhão e 995 milhões de pobres em
cada região.
A mudança
climática já está crônica e as perdas de ecossistemas estão
restringindo oportunidades de subsistência, especialmente para as
pessoas pobres, diz a ONU. "Um ambiente limpo e seguro deve ser
visto como um direito, não um privilégio", afirma no
relatório.
Sob o
cenário de catástrofe ambiental, o valor médio global do IDH seria
15% menor em 2050 do que no cenário base, que assume uma
continuação, mas não um agravamento das atuais tendências
ambientais. Nas regiões mais atingidas, o sul da Ásia teria uma
queda de 22% no IDH enquanto a África subsaariana teria redução em
24%, o que travaria ou até reverteria décadas de progresso no
desenvolvimento humano.
Estas
conclusões se baseiam em dois fatores inter-relacionados: um aumento
de 1,9 bilhão de pessoas em extrema pobreza devido à degradação
ambiental e a manutenção de 800 milhões de pessoas na pobreza (que
sairiam desta situação no cenário base).
O
relatório aponta as ameaças ambientais entre os impedimentos mais
graves para aumentar o desenvolvimento humano, e suas conseqüências
para a pobreza podem ser muito altas.
O IDH de
2011 destacou que igualdade e sustentabilidade são indissociáveis.
Sociedades sustentáveis precisam de políticas e mudanças
estruturais que alinhem o desenvolvimento humano com as metas
ambientais, com baixa emissão de CO2, estratégias para combater e
se adaptar às mudanças climáticas e mecanismos inovadores de
financiamento público-privado.
As
pessoas mais desfavorecidas contribuem pouco para a deterioração do
meio ambiente, mas são elas que sofrem na maioria das vezes os seus
impactos. Por exemplo, apesar de países com baixo IDH contribuírem
menos para as mudanças climáticas, eles estão mais propensos a
sofrer com menos chuvas e com aumento em sua variabilidade, com
implicações graves para a produção agrícola e de subsistência.
Assim, o relatório destaca "a urgência da adoção de medidas
para aumentar a resistência das pessoas à mudança climática
global."
Mais
prejuízos
Outro
ponto que mereceu destaque no relatório são os prejuízos causados
pelos desastres naturais. De acordo com ele, tais eventos estão
aumentando em frequência e intensidade, causando grandes danos
econômicos e perda de capacidades humanas. "Em 2011, os
desastres naturais acompanhados de terremotos (tsunamis,
deslizamentos de terra e assentamentos) resultaram em mais de 20.000
mortes e danos no total de 365 bilhões de dólares, incluindo a
perda de casas para cerca de um milhão de pessoas".
Um dos
exemplos citados é dos pequenos estados insulares, alguns dos quais
registraram perdas de 1% do PIB a até 8% ou mesmo perdas maiores que
seus PIBs. Santa Lúcia perdeu quase quatro vezes seu PIB em 1988 com
o furacão Gilbert; Granada perdeu duas vezes seu PIB em 2004 com o
furacão Ivan.
Para a
ONU, o grande desafio para o mundo é reduzir as emissões de gases
de efeito estufa. E ressalta que embora possa parecer que a
produtividade de carbono (PIB por unidade de dióxido de carbono)
subiria com o desenvolvimento humano, a correlação é bastante
fraca. Ao comparar países com IDHs médios, como Guatemala e
Marrocos, percebe-se que a produtividade do primeiro é de US$ 5 por
quilo de carbono, quase o dobro do segundo (US$ 2,60).
Assim,
eles reforçam que o progresso no desenvolvimento humano não precisa
aumentar a utilização de carbono e que a política ambiental pode
acompanhar o desenvolvimento humano. Apesar disto, o relatório
informa que poucos países estão perto de criar um nível global de
elevado desenvolvimento humano sem exercer pressão insustentável
sobre o ambiente do planeta.
Publicado
no UOL notícias em 14/03/2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário