sexta-feira, 15 de março de 2013

aquecimento global afeta mais os pobres


Catástrofe ambiental deixaria 3,1 bilhões na extrema pobreza em 2050

Do UOL, em São Paulo
14/03/2013


Se chegarmos a 2050 em um cenário de desastre ambiental, 3,1 bilhões de pessoas a mais estarão vivendo na extrema pobreza, se compararmos com os dados das projeções mais otimistas. Na comparação com o cenário base, serão 2,7 bilhões a mais, segundo o relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), divulgado nesta quinta-feira (14), com base em números referentes ao ano de 2012.

O relatório analisou vários cenários ambientais e considerou os efeitos previstos do aquecimento global sobre a produção agrícola, o acesso à água potável e o saneamento básico e poluição.

A ONU deixa claro em seu relatório que apesar de as ameaças ambientais como mudança climática, desastres naturais, desmatamento e poluição da água e do ar atingirem todo o mundo, os países e comunidades pobres são os mais prejudicados.

O sul da Ásia e a África subsaariana serão as regiões mais afetadas. Comparando com 2010, em 2050, serão mais 650 e 685 milhões de pessoas na extrema pobreza, respectivamente. Se comparado com o melhor cenário, são mais 1,194 bilhão e 995 milhões de pobres em cada região.

A mudança climática já está crônica e as perdas de ecossistemas estão restringindo oportunidades de subsistência, especialmente para as pessoas pobres, diz a ONU. "Um ambiente limpo e seguro deve ser visto como um direito, não um privilégio", afirma no relatório.

Sob o cenário de catástrofe ambiental, o valor médio global do IDH seria 15% menor em 2050 do que no cenário base, que assume uma continuação, mas não um agravamento das atuais tendências ambientais. Nas regiões mais atingidas, o sul da Ásia teria uma queda de 22% no IDH enquanto a África subsaariana teria redução em 24%, o que travaria ou até reverteria décadas de progresso no desenvolvimento humano.

Estas conclusões se baseiam em dois fatores inter-relacionados: um aumento de 1,9 bilhão de pessoas em extrema pobreza devido à degradação ambiental e a manutenção de 800 milhões de pessoas na pobreza (que sairiam desta situação no cenário base).

O relatório aponta as ameaças ambientais entre os impedimentos mais graves para aumentar o desenvolvimento humano, e suas conseqüências para a pobreza podem ser muito altas.

O IDH de 2011 destacou que igualdade e sustentabilidade são indissociáveis. Sociedades sustentáveis precisam de políticas e mudanças estruturais que alinhem o desenvolvimento humano com as metas ambientais, com baixa emissão de CO2, estratégias para combater e se adaptar às mudanças climáticas e mecanismos inovadores de financiamento público-privado.

As pessoas mais desfavorecidas contribuem pouco para a deterioração do meio ambiente, mas são elas que sofrem na maioria das vezes os seus impactos. Por exemplo, apesar de países com baixo IDH contribuírem menos para as mudanças climáticas, eles estão mais propensos a sofrer com menos chuvas e com aumento em sua variabilidade, com implicações graves para a produção agrícola e de subsistência. Assim, o relatório destaca "a urgência da adoção de medidas para aumentar a resistência das pessoas à mudança climática global."


Mais prejuízos
Outro ponto que mereceu destaque no relatório são os prejuízos causados pelos desastres naturais. De acordo com ele, tais eventos estão aumentando em frequência e intensidade, causando grandes danos econômicos e perda de capacidades humanas. "Em 2011, os desastres naturais acompanhados de terremotos (tsunamis, deslizamentos de terra e assentamentos) resultaram em mais de 20.000 mortes e danos no total de 365 bilhões de dólares, incluindo a perda de casas para cerca de um milhão de pessoas".

Um dos exemplos citados é dos pequenos estados insulares, alguns dos quais registraram perdas de 1% do PIB a até 8% ou mesmo perdas maiores que seus PIBs. Santa Lúcia perdeu quase quatro vezes seu PIB em 1988 com o furacão Gilbert; Granada perdeu duas vezes seu PIB em 2004 com o furacão Ivan.

Para a ONU, o grande desafio para o mundo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E ressalta que embora possa parecer que a produtividade de carbono (PIB por unidade de dióxido de carbono) subiria com o desenvolvimento humano, a correlação é bastante fraca. Ao comparar países com IDHs médios, como Guatemala e Marrocos, percebe-se que a produtividade do primeiro é de US$ 5 por quilo de carbono, quase o dobro do segundo (US$ 2,60).

Assim, eles reforçam que o progresso no desenvolvimento humano não precisa aumentar a utilização de carbono e que a política ambiental pode acompanhar o desenvolvimento humano. Apesar disto, o relatório informa que poucos países estão perto de criar um nível global de elevado desenvolvimento humano sem exercer pressão insustentável sobre o ambiente do planeta.

Publicado no UOL notícias em 14/03/2013


energia, entropia, ecologia, economia



Energia, entropia, ecologia, economia
Por Diego Viana - De São Paulo – Valor Econômico

Não foi o alarme da mudança climática, nem o encontro Eco-92, no Rio, que despertou nos economistas - alguns deles, pelo menos - a noção de que a economia humana se desenrola num planeta real, de recursos finitos. Já na década de 1960, o romeno Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) advertiu para a urgência de enriquecer a economia com noções físicas como energia e entropia. Economista com formação de matemático e estatístico, admirado por Joseph Schumpeter e Paul Samuelson e cotado para o Prêmio Nobel por seus trabalhos sobre a teoria do consumidor e a economia agrária, Georgescu-Roegen se dedicou a repensar o modo como a economia pensa a produção. Mas a virada intelectual selou o destino do romeno entre seus pares: até então admirado, ele teve de enfrentar o ostracismo.

Hoje, quando a sustentabilidade se torna pouco a pouco incontornável nas discussões sobre a economia mundial, as ideias de Georgescu-Roegen começam a encontrar um pouco mais de ressonância. Na quarta-feira, será lançado em São Paulo o livro "O Decrescimento: Entropia, Ecologia, Economia", com artigos que expõem as ideias pioneiras do matemático romeno. Organizado pelo economista e professor da Universidade de São Paulo (USP) José Eli da Veiga, o lançamento terá a presença de dois economistas que conviveram com Georgescu-Roegen: o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Delfim Netto e o ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris.

Formado em matemática na Universidade de Bucareste e especializado em estatística na França, Georgescu-Roegen se interessou por economia quando foi professor em Harvard, entre 1934 e 1936. Sua convivência com Schumpeter, um dos maiores economistas do século XX, teria resultado em um livro a quatro mãos, se não tivesse decidido retornar à Romênia com a justificativa de que devia algo a seu país. Mais tarde, ao fim da Segunda Guerra, tornou-se professor na Universidade Vanderbilt.

Em 1966, publicou o livro "Analytical Economics: Issues and Problems", centrado na teoria do consumidor e elogiado em profusão por Samuelson, outro dos maiores economistas de seu tempo, com epítetos inequívocos como "professor dos professores" e "economista dos economistas".

A causa do ostracismo de Georgescu-Roegen - encaminhado pelo próprio Samuelson, que fez desaparecer o nome do romeno de seu ubíquo manual, "Economics", a partir da décima edição - foi seu interesse intelectual por uma área de estudos até então considerada exotérica, para não dizer absurda: a ecologia. Ao se dar conta de que o processo produtivo e o consumo não são mera função do trabalho, do capital e de insumos, mas uma realidade física, química e social, o até então admirado romeno selou sua sorte no clã dos economistas. "Ele não foi só esquecido. Foi banido. Ele sofreu uma espécie de censura", diz Veiga.

Segundo o economista da USP, a gota d'água foi a reunião da associação dos economistas americanos (American Economic Association) de 1973. "É como o conclave do Vaticano", diz Veiga. Nos meses anteriores, fora publicado o manifesto "Rumo a uma Economia Humana", escrito por membros da organização "Fellowship of Reconciliation" reunidos em um grupo de trabalho intitulado "Dai Dong", sob orientação do pacifista americano Alfred Hassler. "Hoje, esse manifesto me parece até ingênuo, mas na época foi considerado radicalmente ecologista ao mencionar ameaças aos ecossistemas", diz Veiga.

Na reunião dos economistas americanos, de que Georgescu-Roegen participava todos os anos, o matemático romeno propôs que a associação assinasse e apoiasse o manifesto. "Criou-se uma confusão, porque os economistas eram contra e acabaram encontrando uma solução de compromisso: em vez de assinar e apoiar, a associação publicou o texto, mas como anexo e com um tamanho de letra praticamente ilegível."
Até então respeitado por seus colegas por sua capacidade superior de aplicar a matemática às funções de consumo e produção, Georgescu-Roegen percebeu que sua linha de pensamento era heterodoxa demais para aquele ambiente intelectual. "Georgescu foi bloqueado como são bloqueados todos aqueles que não se integram no mainstream", afirma Delfim Netto. "Marx é bloqueado, por exemplo. Diz-se que Georgescu não ganhou um Prêmio Nobel porque não criou uma 'georgescologia', não fez escola. Mas ele tinha nível para ganhar o Nobel, sobretudo em comparação com as bobagens que ganham hoje."


Com o avanço progressivo da matematização na teoria econômica, os economistas se puseram a perseguir a ambição de produzir teses tão exatas e claras quanto as da física. Mas os economistas têm de enfrentar uma dificuldade que não atinge os físicos. "Acontece que nossos 'átomos' pensam", argumenta Delfim Netto. "Por isso, em economia, o passado não contém o futuro e não é capaz de explicá-lo. Na física, o passado contém o futuro. É por isso que nenhum modelo econômico funciona de verdade."

Outro problema que afasta a economia de atingir seu objetivo de perfeição quantitativa, segundo Veiga, é a insistência numa concepção mecanicista e equilibrada do funcionamento do ciclo produtivo. "Com toda sua formação científica, Georgescu-Roegen ficou muito espantado ao começar a estudar a teoria do produtor e descobrir que os conceitos que os economistas tomavam emprestados da física ainda eram todos newtonianos", diz Veiga. A essa altura, a física já tinha abandonado suas concepções de equilíbrio mecanicista, que ainda orientava as pesquisas econômicas. Já em seu livro de 1966, Georgescu-Roegen se mostrava inconformado com aquilo que Veiga nomeia o "progressivo distanciamento da teoria econômica dos fundamentos básicos das ciências naturais". Dentre os fundamentos em questão, Veiga cita o campo físico da termodinâmica e o evolucionismo.

Suas preocupações epistemológicas heterodoxas puseram Georgescu-Roegen entre os primeiros economistas a buscar um fundamento para a economia que levasse em conta o fato de que o próprio ato de produzir é transformador, tanto para a matéria-prima quanto para o maquinário e para as sociedades em que tem lugar. Com isso, seu pensamento econômico se tornou progressivamente evolucionário. Até hoje, análises evolucionárias da economia, como as de Geoffrey Hodgson, encontram pouca ressonância na profissão, embora Veiga se refira às ideias do economista britânico, editor da revista "Journal of Institutional Economics", como "o futuro da economia".


Para Delfim, a redescoberta das teses de Georgescu-Roegen é um caminho imposto pelas circunstâncias de um mundo que começa a encontrar seus limites físicos. "A concepção de Georgescu está se impondo naturalmente. Foi homem que antecipou em pelo menos 50, 60 anos essa visão de mundo", diz. "Mas não foi só intuitivo. Construiu um dispositivo analítico que levava a reconhecer os fatos: o desenvolvimento não é um fenômeno econômico, mas termodinâmico. Portanto, obedece às leis da termodinâmica."

Ao lado das mudanças no processo produtivo, o economista romeno passou a argumentar que a produção não pode ser entendida como um sistema fechado, capaz de funcionar indefinidamente a partir de seus princípios, sem levar em consideração o canal de entrada de recursos. Se fosse assim, a economia funcionaria como um "moto-perpétuo", a máquina capaz de trabalhar eternamente, sem o acréscimo de energia exterior. Mas isso seria absurdo, porque exigiria o esquecimento da segunda lei da termodinâmica, segundo a qual todo sistema caminha na direção do equilíbrio, isto é, da máxima entropia, e deixa de produzir qualquer modificação.
Georgescu-Roegen se esforça por introduzir o tempo nas equações de produção, propõe a necessidade de entender diferenças qualitativas nas funções de capital e trabalho, em vez de ater-se às proporções quantitativas entre um e outro, e termina por afirmar que, em vez de falar em produção, a teoria econômica deveria referir-se a uma transformação. Afinal, o processo de produção econômica consiste em tomar elementos da natureza e transformá-los em mercadorias para o consumo humano, com um gasto concomitante de energia que se degrada necessariamente e é irrecuperável.
Segundo Veiga, o título escolhido pelos organizadores franceses Jacques Grinevald e Ivo Rens para a coletânea de artigos de Georgescu-Roegen não é o ideal. O termo "decrescimento" é infiel às ideias do economista romeno. O termo assumiu um sentido mais político do que propriamente "bioeconômico", para usar as palavras do romeno. Georgescu-Roegen, no texto "A Energia e os Mitos Econômicos", escreve - com bastante sarcasmo, na avaliação de Veiga - um programa de nove pontos para chegar a um equilíbrio ambiental e econômico, conforme proposto por economistas ecológicos com quem ele não concordava inteiramente. Esses pontos incluíam generalidades como o fim da guerra e a redução da população, além de propostas como o fim da moeda e a cura da "sede mórbida por engenhocas extravagantes".


Veiga aponta os limites do pensamento de Georgescu-Roegen, a começar pela ideia de decrescimento, radicalizada por rivais e alunos seus como, respectivamente, Kenneth Boulding e Herman Daly. "Falar em abrir mão do crescimento pode fazer muito sentido na Escandinávia, na Áustria e na Suíça, mas a maior parte do mundo precisa do crescimento econômico, e muito", afirma.
Paralelamente, o economista romeno cai em armadilha parecida com a de Thomas Malthus, que previu, no século XIX, uma crise alimentar como resultado do crescimento populacional explosivo. "Quando penso no tempo que levaria para que a entropia nos obrigasse a abdicar do crescimento, concluo que seriam séculos", diz Veiga. "Afinal, a eficiência energética da produção está aumentando muito rapidamente. A intensidade carbono da economia mundial, por exemplo, é muito inferior ao que era há poucas décadas."
Veiga evoca os conceitos de "descolamento relativo" e "descolamento absoluto" para explicar seu ceticismo com os alarmes de Georgescu-Roegen. Na maior parte do mundo, incluindo a até recentemente "muito suja" China, a produção dos bens exige cada vez menos custo energético, mas o consumo do insumo continua a crescer em termos absolutos porque a economia cresce. No Reino Unido, porém, há indícios de que o consumo energético esteja caindo absolutamente. "É um indício de que a economia está se tornando imaterial, e essa tendência tende a se generalizar", diz.

O evento em homenagem a Georgescu-Roegen será realizado na FEA-USP, faculdade cujo primeiro programa de pós-graduação em economia ele ajudou a criar, na década de 1960. O economista esteve no Brasil graças ao acordo entre o Ministério da Educação e o Usaid, programa de ajuda econômica do governo dos EUA. Do período passado no Brasil, Georgescu-Roegen levou diversos alunos para doutoramento nos EUA. Lá, o então futuro presidente do Branco Central Ibrahim Eris foi um dos poucos alunos a completar uma tese com o exigente professor.

Publicado no Valor 15/03/2013

 

agrotóxicos e doenças crônicas



Pesticidas, comida-lixo, diabetes e Alzheimer

Estudo sugere ligação entre exposição a agrotóxicos e desenvolvimento de diabetes tipo 2. Em sua coluna de março, o biólogo Jean Remy Guimarães comenta a pesquisa e evidências crescentes das relações estreitas entre essas substâncias e doenças crônicas.

Por: Jean Remy Davée Guimarães


A relação epidemiológica entre o uso de pesticidas e a crescente incidência de males como câncer, problemas hormonais e reprodutivos, entre outros, é cada vez mais clara. Mas novos estudos têm apontado uma nova e incômoda conexão, desta vez entre pesticidas e diabetes tipo 2, o que poderia explicar, ao menos parcialmente, as proporções epidêmicas que essa doença vem assumindo em escala global.

A edição de janeiro da Environmental Research traz um estudo de Arrebola e colaboradores, da Universidade de Granada, Espanha, que é, ironicamente, uma bomba. A equipe dosou resíduos de diversos pesticidas no tecido adiposo de 386 pacientes adultos em dois hospitais do sul do país e concluiu que os pacientes com maiores níveis de DDE (um produto da degradação do DDT) tinham quatro vezes mais probabilidade de ter diabetes tipo 2.

Os autores observaram ainda que um dos componentes do popular pesticida Lindano também favorece o surgimento do diabetes tipo 2. A relação direta observada entre os níveis de poluentes orgânicos persistentes e o desenvolvimento de diabetes era independente da idade, sexo ou peso corporal do paciente.

Segundo os pesquisadores, o acúmulo desses poluentes lipofílicos na gordura corporal poderia explicar por que os obesos têm maior tendência a desenvolver diabetes. Não se sabe ao certo o mecanismo envolvido, mas os autores sugerem que os pesticidas provocam uma reação imunológica em receptores de estrogênio envolvidos no metabolismo dos açúcares.


Monitor de açúcar no sangue e caneta injetora de insulina usados por diabéticos. Pesquisa sugere que o acúmulo de poluentes lipofílicos (como componentes de pesticidas) na gordura corporal poderia explicar a maior tendência de obesos a desenvolver diabetes. (foto: Karen Barefoot/ Sxc.hu)
As autoridades de saúde estimam que, em 2030, cerca de 4,5% da população mundial será diabética. Atualmente, cerca de 346 milhões de pessoas sofrem da doença, enquanto 35 milhões são acometidos pelo Alzheimer. As duas condições geram muito sofrimento e elevado custo social.


Correlações perturbadoras
Se você já estava se perguntando o que diabetes têm a ver com meio ambiente, a menção ao Alzheimer talvez aumente a confusão.

Mas, justamente, diabetes, Alzheimer e obesidade estão aumentando exponencialmente e com correlações perturbadoras entre elas. Da mesma forma, a disseminação da junk-food (comida-lixo) e da agricultura industrial regada a pesticidas que a sustenta andam juntas.

Ok, pesticidas/junk-food e obesidade/diabetes já são binômios quase familiares para aqueles que leem as magras seções de ciência da grande imprensa, mas a insistência do Alzheimer em se meter em estatísticas onde não foi chamado já intrigava os cientistas há algum tempo, a ponto de esses começarem a buscar uma relação causal entre essa doença, o diabetes e a obesidade.


Já se sabia que há uma forte associação entre diabetes, obesidade, dieta, demência e Alzheimer. Pessoas que sofrem de diabetes têm probabilidade 2 a 3 vezes maior de desenvolver Alzheimer do que a média da população. A conexão obesidade-Alzheimer é menos estudada, mas sabe-se que a obesidade em idade madura predispõe ao Alzheimer e que uma vida ativa e dieta saudável reduzem a ocorrência de demência.

Mas... e se o Alzheimer fosse, como o diabetes, uma doença metabólica, associada ao (des)desequilíbrio hormonal e, portanto, induzível por pesticidas, entre outros disruptores endócrinos? Isto poderia explicar as correlações observadas. As evidências nesse sentido são tantas que muitos especialistas já defendem que o Alzheimer seja considerado como um diabetes tipo 3, pois vários estudos sugerem que o Alzheimer seria uma consequência de perturbações na resposta do cérebro à insulina.

Esta, além de regular o metabolismo do açúcar, tem papel bem definido na química cerebral, modulando a troca de sinais entre neurônios e atuando no aprendizado e na memória, bem como na manutenção dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.


Tomografia de um cérebro humano com Alzheimer. Pessoas que sofrem de diabetes têm maior probabilidade de desenvolver a condição. Especialistas defendem, inclusive, que o Alzheimer seja considerado um diabetes tipo 3, pois há evidências de que seria uma consequência de perturbações na resposta do cérebro à insulina. (imagem: NHI/ Wikimedia Commons)
Eu achava que o sistema hormonal funcionava, por analogia, como uma orquestra em que o som produzido por um instrumento influencia o som de todos os outros, e vice-versa. Já era complicado o bastante, mas escrever esta coluna me ensinou que a imagem mais correta seria a da mesma orquestra, mas com cada músico tocando vários instrumentos ao mesmo tempo, e todos os sons se influenciando mutuamente. Agora imagine se colocarmos pó-de-mico na gola dos músicos... É o que ocorre quando um disruptor endócrino é absorvido por inalação, ingestão ou via cutânea.

Portanto, se você achava que por ser um urbanoide não-obeso, que gasta boas quantias em alimentos orgânicos, você estaria a salvo, pode tirar o cavalinho da chuva: os pesticidas são apenas uma das várias categorias de disruptores endócrinos, e a dieta é apenas uma das vias de exposição aos pesticidas.


Equacionando prós e contras
E a junk-food, onde entra nisso tudo? O X-tudo com fritas e o rodízio de salgadinhos já era apontado como fator de desenvolvimento de Alzheimer devido à redução de irrigação sanguínea causada pelo colesterol e aumento da pressão sanguínea, mas os estudos mais recentes sugerem que alimentos com muito açúcar e gordura podem danificar o cérebro por interromper seu suprimento de insulina.


A ingestão excessiva de alimentos com muito açúcar e gordura já era apontada como fator para o desenvolvimento de Alzheimer – devido à redução de irrigação sanguínea causada pelo colesterol e aumento da pressão sanguínea. Estudos mais recentes sugerem que estes podem também danificar o cérebro por interromper seu suprimento de insulina. (foto: David Boylan/ Sxc.hu)
Naturalmente, como sempre, mais estudos são necessários etc. etc., mas se as relações causais aqui descritas forem confirmadas, será uma ótima notícia. É uma esperança de melhores tratamentos para os que já sofrem com esses males e de melhores prognósticos para os ilesos até aqui.

É também um exemplo que gera reflexão sobre o custo/benefício do modo de vida que adotamos. Sim, a tecnologia nos permite viver com mais conforto e por mais tempo, mas também nos rouba qualidade de vida.

De que adianta termos Viagras e cia. se não lembrarmos mais para que serve uma ereção, nem quem é aquela pessoa idosa dormindo ao nosso lado? Quantos hectares de soja, arroz ou milho são necessários para bancar um ano de tratamento de um diabético ou uma vítima de Alzheimer?

Somando esses e outros custos, ambientais e de saúde, podemos talvez acabar concluindo que o modelo de agricultura industrial vigente gera prejuízos que engolem seus ganhos de produtividade e ainda deixam uma conta pendurada.


Estudos como os aqui relatados nos dão pistas importantes de como equacionar tudo isso e tornam mais premente a discussão do tema.

Por último, mas não menos importante, cada novo estudo apontando efeitos negativos de pesticidas – ou qualquer outra substância sujeita à regulamentação – desmoraliza um pouco mais os órgãos que autorizaram sua produção e uso e não monitoraram seus efeitos.

Acredite se quiser, mas a liberação é baseada em testes de até 60 dias com animais de laboratório. Quem realiza esses testes? O próprio fabricante, ou alguém que ele contratou para isso.

Mas relaxe, está tudo dominado.

Jean Remy Davée Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Publicado em 15/03/2013









15/03/2013
Energia, entropia, ecologia, economia
Por Diego Viana | De São Paulo
Não foi o alarme da mudança climática, nem o encontro Eco-92, no Rio, que despertou nos economistas - alguns deles, pelo menos - a noção de que a economia humana se desenrola num planeta real, de recursos finitos. Já na década de 1960, o romeno Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) advertiu para a urgência de enriquecer a economia com noções físicas como energia e entropia. Economista com formação de matemático e estatístico, admirado por Joseph Schumpeter e Paul Samuelson e cotado para o Prêmio Nobel por seus trabalhos sobre a teoria do consumidor e a economia agrária, Georgescu-Roegen se dedicou a repensar o modo como a economia pensa a produção. Mas a virada intelectual selou o destino do romeno entre seus pares: até então admirado, ele teve de enfrentar o ostracismo.

Hoje, quando a sustentabilidade se torna pouco a pouco incontornável nas discussões sobre a economia mundial, as ideias de Georgescu-Roegen começam a encontrar um pouco mais de ressonância. Na quarta-feira, será lançado em São Paulo o livro "O Decrescimento: Entropia, Ecologia, Economia", com artigos que expõem as ideias pioneiras do matemático romeno. Organizado pelo economista e professor da Universidade de São Paulo (USP) José Eli da Veiga, o lançamento terá a presença de dois economistas que conviveram com Georgescu-Roegen: o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Delfim Netto e o ex-presidente do Banco Central Ibrahim Eris.

Formado em matemática na Universidade de Bucareste e especializado em estatística na França, Georgescu-Roegen se interessou por economia quando foi professor em Harvard, entre 1934 e 1936. Sua convivência com Schumpeter, um dos maiores economistas do século XX, teria resultado em um livro a quatro mãos, se não tivesse decidido retornar à Romênia com a justificativa de que devia algo a seu país. Mais tarde, ao fim da Segunda Guerra, tornou-se professor na Universidade Vanderbilt.

Em 1966, publicou o livro "Analytical Economics: Issues and Problems", centrado na teoria do consumidor e elogiado em profusão por Samuelson, outro dos maiores economistas de seu tempo, com epítetos inequívocos como "professor dos professores" e "economista dos economistas".

Segundo José Eli da Veiga, o economista romeno "não foi só esquecido. Foi banido. Ele sofreu uma espécie de censura"
A causa do ostracismo de Georgescu-Roegen - encaminhado pelo próprio Samuelson, que fez desaparecer o nome do romeno de seu ubíquo manual, "Economics", a partir da décima edição - foi seu interesse intelectual por uma área de estudos até então considerada exotérica, para não dizer absurda: a ecologia. Ao se dar conta de que o processo produtivo e o consumo não são mera função do trabalho, do capital e de insumos, mas uma realidade física, química e social, o até então admirado romeno selou sua sorte no clã dos economistas. "Ele não foi só esquecido. Foi banido. Ele sofreu uma espécie de censura", diz Veiga.

Segundo o economista da USP, a gota d'água foi a reunião da associação dos economistas americanos (American Economic Association) de 1973. "É como o conclave do Vaticano", diz Veiga. Nos meses anteriores, fora publicado o manifesto "Rumo a uma Economia Humana", escrito por membros da organização "Fellowship of Reconciliation" reunidos em um grupo de trabalho intitulado "Dai Dong", sob orientação do pacifista americano Alfred Hassler. "Hoje, esse manifesto me parece até ingênuo, mas na época foi considerado radicalmente ecologista ao mencionar ameaças aos ecossistemas", diz Veiga.

Na reunião dos economistas americanos, de que Georgescu-Roegen participava todos os anos, o matemático romeno propôs que a associação assinasse e apoiasse o manifesto. "Criou-se uma confusão, porque os economistas eram contra e acabaram encontrando uma solução de compromisso: em vez de assinar e apoiar, a associação publicou o texto, mas como anexo e com um tamanho de letra praticamente ilegível."
Até então respeitado por seus colegas por sua capacidade superior de aplicar a matemática às funções de consumo e produção, Georgescu-Roegen percebeu que sua linha de pensamento era heterodoxa demais para aquele ambiente intelectual. "Georgescu foi bloqueado como são bloqueados todos aqueles que não se integram no mainstream", afirma Delfim Netto. "Marx é bloqueado, por exemplo. Diz-se que Georgescu não ganhou um Prêmio Nobel porque não criou uma 'georgescologia', não fez escola. Mas ele tinha nível para ganhar o Nobel, sobretudo em comparação com as bobagens que ganham hoje."


Com o avanço progressivo da matematização na teoria econômica, os economistas se puseram a perseguir a ambição de produzir teses tão exatas e claras quanto as da física. Mas os economistas têm de enfrentar uma dificuldade que não atinge os físicos. "Acontece que nossos 'átomos' pensam", argumenta Delfim Netto. "Por isso, em economia, o passado não contém o futuro e não é capaz de explicá-lo. Na física, o passado contém o futuro. É por isso que nenhum modelo econômico funciona de verdade."

Outro problema que afasta a economia de atingir seu objetivo de perfeição quantitativa, segundo Veiga, é a insistência numa concepção mecanicista e equilibrada do funcionamento do ciclo produtivo. "Com toda sua formação científica, Georgescu-Roegen ficou muito espantado ao começar a estudar a teoria do produtor e descobrir que os conceitos que os economistas tomavam emprestados da física ainda eram todos newtonianos", diz Veiga. A essa altura, a física já tinha abandonado suas concepções de equilíbrio mecanicista, que ainda orientava as pesquisas econômicas. Já em seu livro de 1966, Georgescu-Roegen se mostrava inconformado com aquilo que Veiga nomeia o "progressivo distanciamento da teoria econômica dos fundamentos básicos das ciências naturais". Dentre os fundamentos em questão, Veiga cita o campo físico da termodinâmica e o evolucionismo.

Suas preocupações epistemológicas heterodoxas puseram Georgescu-Roegen entre os primeiros economistas a buscar um fundamento para a economia que levasse em conta o fato de que o próprio ato de produzir é transformador, tanto para a matéria-prima quanto para o maquinário e para as sociedades em que tem lugar. Com isso, seu pensamento econômico se tornou progressivamente evolucionário. Até hoje, análises evolucionárias da economia, como as de Geoffrey Hodgson, encontram pouca ressonância na profissão, embora Veiga se refira às ideias do economista britânico, editor da revista "Journal of Institutional Economics", como "o futuro da economia".

"Abrir mão do crescimento faz sentido na Escandinávia, mas a maior parte do mundo precisa", diz economista
Para Delfim, a redescoberta das teses de Georgescu-Roegen é um caminho imposto pelas circunstâncias de um mundo que começa a encontrar seus limites físicos. "A concepção de Georgescu está se impondo naturalmente. Foi homem que antecipou em pelo menos 50, 60 anos essa visão de mundo", diz. "Mas não foi só intuitivo. Construiu um dispositivo analítico que levava a reconhecer os fatos: o desenvolvimento não é um fenômeno econômico, mas termodinâmico. Portanto, obedece às leis da termodinâmica."

Ao lado das mudanças no processo produtivo, o economista romeno passou a argumentar que a produção não pode ser entendida como um sistema fechado, capaz de funcionar indefinidamente a partir de seus princípios, sem levar em consideração o canal de entrada de recursos. Se fosse assim, a economia funcionaria como um "moto-perpétuo", a máquina capaz de trabalhar eternamente, sem o acréscimo de energia exterior. Mas isso seria absurdo, porque exigiria o esquecimento da segunda lei da termodinâmica, segundo a qual todo sistema caminha na direção do equilíbrio, isto é, da máxima entropia, e deixa de produzir qualquer modificação.
Georgescu-Roegen se esforça por introduzir o tempo nas equações de produção, propõe a necessidade de entender diferenças qualitativas nas funções de capital e trabalho, em vez de ater-se às proporções quantitativas entre um e outro, e termina por afirmar que, em vez de falar em produção, a teoria econômica deveria referir-se a uma transformação. Afinal, o processo de produção econômica consiste em tomar elementos da natureza e transformá-los em mercadorias para o consumo humano, com um gasto concomitante de energia que se degrada necessariamente e é irrecuperável.
Segundo Veiga, o título escolhido pelos organizadores franceses Jacques Grinevald e Ivo Rens para a coletânea de artigos de Georgescu-Roegen não é o ideal. O termo "decrescimento" é infiel às ideias do economista romeno. O termo assumiu um sentido mais político do que propriamente "bioeconômico", para usar as palavras do romeno. Georgescu-Roegen, no texto "A Energia e os Mitos Econômicos", escreve - com bastante sarcasmo, na avaliação de Veiga - um programa de nove pontos para chegar a um equilíbrio ambiental e econômico, conforme proposto por economistas ecológicos com quem ele não concordava inteiramente. Esses pontos incluíam generalidades como o fim da guerra e a redução da população, além de propostas como o fim da moeda e a cura da "sede mórbida por engenhocas extravagantes".


Veiga aponta os limites do pensamento de Georgescu-Roegen, a começar pela ideia de decrescimento, radicalizada por rivais e alunos seus como, respectivamente, Kenneth Boulding e Herman Daly. "Falar em abrir mão do crescimento pode fazer muito sentido na Escandinávia, na Áustria e na Suíça, mas a maior parte do mundo precisa do crescimento econômico, e muito", afirma.
Paralelamente, o economista romeno cai em armadilha parecida com a de Thomas Malthus, que previu, no século XIX, uma crise alimentar como resultado do crescimento populacional explosivo. "Quando penso no tempo que levaria para que a entropia nos obrigasse a abdicar do crescimento, concluo que seriam séculos", diz Veiga. "Afinal, a eficiência energética da produção está aumentando muito rapidamente. A intensidade carbono da economia mundial, por exemplo, é muito inferior ao que era há poucas décadas."
Veiga evoca os conceitos de "descolamento relativo" e "descolamento absoluto" para explicar seu ceticismo com os alarmes de Georgescu-Roegen. Na maior parte do mundo, incluindo a até recentemente "muito suja" China, a produção dos bens exige cada vez menos custo energético, mas o consumo do insumo continua a crescer em termos absolutos porque a economia cresce. No Reino Unido, porém, há indícios de que o consumo energético esteja caindo absolutamente. "É um indício de que a economia está se tornando imaterial, e essa tendência tende a se generalizar", diz.

O evento em homenagem a Georgescu-Roegen será realizado na FEA-USP, faculdade cujo primeiro programa de pós-graduação em economia ele ajudou a criar, na década de 1960. O economista esteve no Brasil graças ao acordo entre o Ministério da Educação e o Usaid, programa de ajuda econômica do governo dos EUA. Do período passado no Brasil, Georgescu-Roegen levou diversos alunos para doutoramento nos EUA. Lá, o então futuro presidente do Branco Central Ibrahim Eris foi um dos poucos alunos a completar uma tese com o exigente professor.

O Decrescimento: Entropia, Ecologia, Economia”

(Senac, 260 págs.). Lançamento 20/03/2013, às 10h. FEA-USP. Av. Professor Luciano Gualberto, 908, São Paulo


quinta-feira, 14 de março de 2013

Marx - artigo de Delfim Neto


Marx

Por Antônio Delfim Neto

Em 22 de fevereiro último, Cassiano Elek Machado publicou, nesta Folha, erudita nota sobre a nova tradução de "O Capital", realizada pelo competente marxólogo Rubens Enderle. Esta será publicada pela editora Boitempo (o terceiro volume sai até 2015), que já tem no seu catálogo outras obras em traduções muito bem cuidadas dos textos restabelecidos pelas edições críticas (Mega) das obras completas da dupla Marx-Engels.

Cassiano colocou uma mesma pergunta ("Por que ler Marx hoje?") a mim e a três brilhantes filósofos, seguramente mais conhecedores da obra de Marx do que eu. Eles deram respostas argumentadas e definitivas. Eu, um modesto economista, pensei em me livrar dela respondendo simplesmente: "Porque Marx não é moda. É eterno".

Ledo engano. Recebi a cobrança de alguns elegantes leitores para que a explicitasse. Pois bem, os "marxismos" que continuam a infestar a história são modas: produtos de ocasião de pensadores menores. Há sérias dúvidas, aliás, que Marx tenha alguma vez se reconhecido como "marxista".

Mas a problemática que ele colocou --o que é o homem e como pode realizar plenamente a sua humanidade diante dos constrangimentos que lhe impõe a organização da sociedade-- é eterna. Ele teve muito cuidado em não explicitar a sua solução. Cuidado que não tiveram alguns que se pensaram como seus discípulos no século 20. Quando no poder, decidiram levar a sério a construção do "homem novo", o que terminou em tragédia.

Para dar um pequeno exemplo da intuição de Marx, basta lembrar que, no "Manifesto Comunista" (1848), ele revelou a propensão do capitalismo financeiro emergente e avassalador de produzir uma crescente concentração do poder econômico que, se não fosse coibido pelo poder político, levaria ao desastre social.

A financeirização que ele previa continua forte e abrangente no século 21. Por exemplo, nos últimos dez anos, as commodities tornaram-se ativos financeiros de fundos de investimento internacionais. Em 2000, estes não chegavam a US$ 10 bilhões. Em 2012, passaram de US$ 400 bilhões, um aumento de 40% ao ano! Há menos de 20 anos existiam mais de 20 "traders" de cada commodity (as oito mais importantes tinham mais de 160!). Houve a verticalização e fusão antecipadas por Marx.

Hoje, não passam de 15 organizações que financiam, compram, armazenam, transportam, vendem e especulam com o resultado do trabalho de bilhões de agricultores que não têm o menor controle sobre sua produção. A maior delas, a Glencore, que comercializa tudo, de petróleo e metais a açúcar e trigo, acaba de aumentar sua integração. Comprou uma participação na Ferrous Resources, em Minas Gerais.

Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda (governos Costa e Silva e Médici), é economista e ex-deputado federal. Professor catedrático na Universidade de São Paulo. Escreve às quartas-feiras na versão impressa da Página A2.

Publicado na Folha de S. Paulo, no dia 13/03/2013