terça-feira, 31 de março de 2015

Redução da maioridade penal nos telejornais da Band e Globo

Redução da maioridade penal nos telejornais da Band e Globo


Reportagem no Jornal da Band de hoje, terça-feira (31/03), sobre a votação na CCJ do Câmara, do projeto que trata da redução da maioridade penal, foi uma aula de manipulação da informação. Um caso exemplar de como não se faz jornalismo. Manipulação total. O jornalista e âncora, Ricardo Boechat, que gosta tanto de dar opinião crítica sobre tudo, ficou calado.

A reportagem da Band iniciou mostrando o caso de um menor que matou uma pessoa. Depois o repórter disse que em casos graves como aquele onde o menor é enviado para uma instituição (que cuida de menores), poderá ter outro tratamento com a redução da maioridade penal (fazendo referência positiva no sentido de haver punição e justiça).

O repórter da Band entrevistou apenas um parlamentar, do DEM, que é defensor da redução da maioridade penal, ou seja, mostrou apenas um lado da questão, ignorando totalmente que este é um debate polêmico. Logo em seguida, entrevistou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, salientando a posição dele, favorável à redução da maioridade penal. Na entrevista Cunha declarou que vai agilizar a votação.


Por outro lado, o Jornal Nacional, da Rede Globo, deu outra abordagem, fez reportagem com mais qualidade. A reportagem da Globo entrevistou um parlamentar do PDT, que é defensor, e outro parlamentar que tem posição contrária, o deputado Chico Alencar do PSOL. Duas posições antagônicas. Na Globo teve mais equilíbrio e melhor jornalismo.

Porto Alegre, 31 de março de 2015

Demilson Fortes



sexta-feira, 27 de março de 2015

Geração 68, de vitoriosa a derrotada - Ricardo Kotscho




Geração 68, de vitoriosa a derrotada

Por Ricardo Kotscho




Faço parte da geração 68, como ficou conhecida a dos estudantes libertários que viraram o Brasil e o mundo de cabeça para o ar naquele ano do século passado, contestando todas as hierarquias e estruturas de poder, sem ter ideia de onde pretendiam chegar. Sabiam o que não queriam mais, mas não se entendiam sobre o que exatamente sonhavam colocar no lugar.

Pintava de tudo naqueles movimentos estudantis, das barricadas de Paris às grandes passeatas no Rio _ comunistas, trotskistas, anarquistas, hippies do paz e amor, guerrilheiros urbanos, porra-loucas e insatisfeitos em geral.

Tinha acabado de entrar na faculdade, na primeira turma da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, criada um ano antes. Voltei lá esta semana para participar de um debate junto com Heródoto Barbeiro, meu colega no Jornal da Record News, que comemorou na segunda-feira sua milésima edição no ar.

Para mim, foi um verdadeiro choque cultural. Nada mais restava daquele agito permanente em que os alunos ficavam mais fora do que dentro das salas de aula, pintando cartazes e faixas, fazendo discursos inflamados contra o reitor, a polícia, os americanos, a ditadura militar, o diabo a quatro.

Confesso que não tinha na época a menor consciência política e gostava mesmo era da farra, das festas, das paqueras, das intermináveis conversas no Rei das Batidas, um bar que existe até hoje na entrada da Cidade Universitária.

Já trabalhava na época como estagiário do Estadão, o principal jornal brasileiro naquele tempo, onde tinha entrado no mesmo mês em que passei no vestibular. Como viajava muito para fazer reportagens, comecei a frequentar cada vez menos a faculdade, que não consegui terminar até hoje.

Agora, ao entrar na sala, onde os alunos do professor Santoro já nos aguardavam, tive uma sensação estranha. Todos em silêncio, comportadamente sentados, pareciam esperar o início de uma missa. Do lado de fora, nenhum sinal ou som fazia lembrar a escola onde estudei quase meio século atrás. A ECA-USP velha de guerra, um dos principais focos dos confrontos dos anos 60, lembrava a sede de uma repartição pública.

Imaginava encontrar um clima bem diferente após as manifestações do Fla-Flu político dos últimos dias. Nos debates de que participei quando era aluno, os palestrantes passavam o maior sufoco. Eram contestados a todo momento. Desta vez, porém, depois de uma hora de conversa, me dei conta de que só Heródoto e eu falamos, sem ninguém nos interromper para discordar de nada. Até comentei isso para dar uma provocada na turma, que ficou só olhando para a minha cara como se eu fosse um extraterrestre.

Com o entusiasmo de sempre, Heródoto falava das maravilhas das novas tecnologias e eu da minha paixão pela reportagem, relembramos fatos históricos, arriscamos previsões sobre o futuro da profissão. Quando chegou a vez das perguntas, ninguém tocou nas profundas crises que o país está vivendo em todas as áreas. Na verdade, nem eram perguntas, mas apenas comentários sobre teorias da comunicação e mercado de trabalho, algo bem limitado ao que costumam discutir em sala de aula. É como se não estivessem preocupados com o que acontece fora das fronteiras da universidade.

À noite, na TV, quando comentamos nosso encontro na ECA, me dei conta de uma diferença fundamental que aconteceu neste meio tempo: somos de uma geração que dedicou boa parte de suas vidas à luta coletiva, queríamos mudar o país e o mundo, e fomos vitoriosos ao ajudar a derrotar a ditadura e a dar início a um processo de distribuição de renda, que tornou nosso país mais livre e menos injusto.

Hoje, noto um comportamento mais egoísta, em que os jovens estão preocupados com a carreira e a próprio sobrevivência, na base do cada um por si e Deus por todos. Em algum ponto, nós falhamos. Não conseguimos repassar para as novas gerações valores como a solidariedade, a ousadia, o inconformismo, a capacidade de sonhar e mudar o estabelecido para a construção de uma sociedade mais generosa. Desapareceu do mapa uma palavra chamada idealismo (não confundir com ideologia).

Pior do que isso: não fomos capazes de criar novas lideranças nem deixamos herdeiros políticos, tanto que o país continua dividido entre FHC e Lula, trinta anos após a redemocratização do país, nem de manter vivo o espírito que mobilizou os movimentos sociais em torno das lutas pela anistia, pela Constituinte, pelas liberdades públicas. Ou alguém sabe quem são esses "líderes" cevados nas redes sociais que apareceram nas manifestações de março? De onde surgiram, quais são suas histórias, que representatividade têm, quais são seus projetos de país? É um mistério.

Somos ao mesmo tempo vitoriosos e derrotados. Ganhamos nas lutas do passado, mas fomos derrotados na construção do futuro. Por isso, chegamos ao final de um ciclo político, com a falência do chamado presidencialismo de coalizão da Nova República, esta zorra federal instalada em Brasília e tão distante do Brasil real, colocando em xeque o futuro da própria democracia representativa pela qual tanto lutamos.

Vida que segue.


Ricardo Kotscho é repórter desde 1964. É atualmente comentarista do Jornal da Record News e repórter especial da revista Brasileiros.

Publicado em 27/03/15




terça-feira, 24 de março de 2015

Quem é populista? Tarso Genro

Quem é populista? 

Tarso Genro


Tenho procurado me preservar de debater, neste momento, por razões diferentes, tanto o Governo Sartori, como o segundo Governo Dilma. Assim como os governantes, que iniciam os seus governos, entendo que -a menos que surja alguma questão de princípio- os governantes que saem, também devem ter um certo "período de graça". Ontem, porém, sem ofender ninguém, ou fazer críticas a alguém, não me contive e tuitei que estava feliz com a decisão do Tribunal de Justiça, sobre a constitucionalidade do novo Mínimo Regional, de R$ 1006,88. É um valor que não é elevado, mas que melhora a alimentação de mais de 1,5 milhões de famílias trabalhadoras gaúchas: crianças, jovens, idosos, que poderão comer um pouco melhor.

Hoje me deparo com um odioso editorial do jornal Zero Hora, que me acusa de tentar "então na chefia de governo, antes de abandonar o poder, submeter ao parlamento uma proposta nitidamente populista". Quero sustentar, neste pequeno texto, que "populista" é o editorial de ZH, além de falso e preconceituoso.

Vejamos. Falso, porque omite -como reconhece na noticia que divulga, na mesma edição na página 11- que no final do meu governo, apenas recuperei a mesma posição do SM Regional de 2001, que veio, paulatinamente, sendo achatado pelos governos que sucederam Olívio Dutra. Tal recuperação eu propusera de forma transparente, no meu Programa de Governo e defendido esta posição, inclusive perante a própria Federasul, nos debates que precederam a minha eleição. Falso, também, porque ao contrário do que diz o editorial, não "tentei" submeter o parlamento. Eu "remeti" ao parlamento um projeto, de acordo com as minhas prerrogativas constitucionais, que foi apreciado de forma regular por aquela instituição.
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Preconceituoso. O editorial é preconceituoso contra os pobres porque qualifica a minha proposta como "populista". Com esta definição, o honorável periódico desconhece a elementar definição, na Teoria Política, do verdadeiro significado deste tipo de ação partidária ou estatal, que, de um lado, busca prescindir das instituições regulares do Estado para promover os seus atos e, de outro, procura instrumentalizar as instituições para conter os ímpetos de transformação radical, que possa vir dos pobres e explorados. O populismo considera o povo uma "massa informe", manipulável pelo poder: o povo considerado como "agregado social homogêneo", sempre depositário de valores positivos e permanentes, acima e afora das classes sociais. O povo como objeto manipulável, não as classes como sujeitos.

Onde está o populismo num episódio em que o Governo simplesmente encaminha, regularmente, com apoio do parlamento e por dentro das instituições regulares do Estado (agora com chancela do Poder Judiciário), um aumento constitucional de renda para os mais pobres? Foi, também, uma atitude "populista, a atitude da Assembleia que votou e do Tribunal de Justiça, que considerou o projeto constitucional? O abuso da expressão "populista", pelos ultraliberais e neoliberais, parte do pressuposto que os assalariados e os pobres são sempre os contingentes do sacrifício, em qualquer situação de crise, e que os ricos e os muito ricos devem vigiar qualquer política que melhore a renda dos pobres, porque isso é "populismo".

Sempre defendemos os aumentos de salários, tanto do setor público como do setor privado, como elementos de política econômica e de estímulo ao desenvolvimento do estado e do país, combinados com medidas de estímulo ao emprego e à atração de investimentos, de fora do Estado e de fora do país, com programas transparentes e acessíveis a todo o setor produtivo. Como toda a posição sobre temas graves e relevantes, dentro de uma crise, a nossa pode ser alvo de objeções, como nós objetamos, por exemplo, que as políticas de austeridade possam tirar qualquer país da estagnação.


Taxar, porém, de "populista" uma definição do salário mínimo regional feita por um Governo sério, que que abriu um diálogo inédito no Estado através do CDES, com a participação de todos os setores da sociedade é, na verdade, trocar o debate pela ofensa a quem tem princípios. Estamos autorizados a pensar, a partir desta ofensa senil, que está se inaugurando, aí sim, um novo tipo de "populismo midiático", com fins lucrativos: cortejar os empresários, que estavam defendendo, no Foro apropriado, o que julgavam seus direitos, para certamente estes aumentarem os seus gastos em publicidade. Aonde? Adivinhem. "Parem de mimar os ricos", disse o milionário Warren Buffet, quando, na era Busch, era reformado o sistema fiscal para proteger os mais ricos e ferrar os mais pobres. Aqui, isso seria pedir demais à Zero Hora. Mas, pelo menos, podemos pedir, "parem de ferrar os pobres", os que vivem de Salário Mínimo, para que gente possa distribuir ainda mais renda e sair da crise sem sacrificar os que podem menos!


segunda-feira, 23 de março de 2015

Entrevista com a pensadora feminista Silvia Federici


"Es un engaño que el trabajo asalariado sea la clave para liberar a las mujeres"

Entrevista con la pensadora feminista Silvia Federici, que reivindica que el trabajo reproductivo y de cuidados que hacen gratis las mujeres es la base sobre la que se sostiene el capitalismo
"Ahora las mujeres tienen dos trabajos -el de fuera de casa y el de dentro- y aún menos tiempo para luchar, y participar en movimientos sociales o políticos"

Ana Requena Aguilar  - Madrid - 24/05/2014


Silvia Federici (Italia, 1942) es una pensadora y activista feminista, un referente intelectual por su análisis del capitalismo, el trabajo asalariado y reproductivo, siempre desde una perspectiva de género. Profesora en la Universidad de Hofstra de Nueva York, Federici fue una de las impulsoras de las campañas que en los años setenta comenzaron a reivindicar un salario para el empleo doméstico. "El trabajo doméstico no es un trabajo por amor, hay que desnaturalizarlo", defiende. La escritora está de gira por España: allá donde ha estado las librerías y salas se han llenado para escucharla. Su último libro publicado en español es "Revolución en punto cero. Trabajo doméstico, reproducción y luchas feministas", publicado por Traficantes de Sueños.

¿Es esta crisis económica una crisis también de igualdad?

Sí, es una crisis de igualdad y que amenaza especialmente a las mujeres. Hay muchas consecuencias de las crisis que impactan en las mujeres de forma particularmente intensa. Por un lado, los recortes de servicios públicos, de la sanidad, de la educación, de los cuidados, las guarderías... eso trae a las casas un montón de trabajo doméstico que todavía siguen haciendo mayoritariamente las mujeres. La mayoría de las mujeres trabajan fuera de casa pero siguen encargándose de este trabajo y tienen que absorber esta parte de tareas que antes eran públicas. Por otro lado, la crisis del empleo y del salario crea nuevas tensiones entre las mujeres y los hombres. Que las mujeres tengan más autonomía ha creado tensiones y un aumento de la violencia masculina. El hecho de que los hombres no tengan el poder económico y al mismo tiempo las mujeres reivindican una mayor autonomía ha creado formas de violencia masculina contra las mujeres que se pueden ver en todo el mundo.

¿En qué momento diría que estamos entonces?

Estamos en un periodo en el cual se está desarrollando un nuevo tipo de patriarcado en el cual las mujeres no son solo amas de casa, pero en el que los valores y las estructuras sociales tradicionales aún no han sido cambiadas. Por ejemplo, hoy muchas mujeres trabajan fuera de la casa, muchas veces en condiciones precarias, lo que supone una pequeña fuente de mayor autonomía. Sin embargo, los lugares de trabajo asalariado no han sido cambiados, por tanto, ese trabajo asalariado significa adaptarse a un régimen que está construido pensado en el trabajo tradicional masculino: las horas de trabajo no son flexibles, los centros de trabajo no han incluido lugares para el cuidado, como guarderías, y no se ha pensado formas para que hombres y mujeres concilien producción y reproducción. Es un nuevo patriarcado en el que las mujeres deben ser dos cosas: productoras y reproductoras al mismo tiempo, una espiral que acaba consumiendo toda la vida de las mujeres.

De hecho, usted dice que se ha identificado la emancipación de las mujeres con el acceso al trabajo asalariado y que eso le parece un error, ¿lo es?

Es un engaño del que hoy podemos darnos cuenta. La ilusión de que el trabajo asalariado podía liberar a las mujeres no se ha producido. El feminismo de los años 70 no podía imaginar que las mujeres estaban entrando al trabajo asalariado en el momento justo en el que éste se estaba convirtiendo en un terreno de crisis. Pero es que, en general, el trabajo asalariado no ha liberado nunca a nadie. La idea de la liberación es alcanzar la igualdad de oportundiades con los hombres, pero ha estado basada en un malentendido fundamental sobre el papel del trabajo asalariado en el capitalismo. Ahora vemos que esas esperanzas de transformación completa eran en vano. Al mismo tiempo sí vemos que muchas mujeres han conseguido más autonomía a través del trabajo asalarido, pero más autonomía respecto de los hombres no respecto del capital. Es algo que ha permitido vivir por su cuenta a muchas mujeres o bien que tuvieran un trabajo, mientras su pareja no lo tenía. De alguna forma esto ha cambiado las dinámicas en los hogares, pero en general no ha cambiado las relaciones entre hombres y mujeres. Y, muy importante, eso no ha cambiado las relaciones entre mujeres y capitalismo: porque ahora las mujeres tienen dos trabajos y aún menos tiempo para, por ejemplo, luchar, participar en movimientos sociales o políticos.

Es también muy crítica con organismos internacionales como el FMI, el Banco Mundial o la ONU. Algunos de ellos publican informes animando a la participación femenina en el mercado laboral, mientras alientan medidas de recorte que perjudican la igualdad y la vida de las mujeres...

Sí y esto es fundamental. Es un error no ver el tipo de planificación capitalista que se está desarrollando dentro del proyecto de globalización. Hubo una intervención masiva en la agenda y en las políticas feministas con el objetivo de usar el feminismo para promover el neoliberalismo y para contrarrestar el potencial subversivo que tenía el movimietno de mujeres en términos, por ejemplo, de lucha contra la división sexual del trabajo y contra todos los mecanismos de explotación. Por un lado, el trabajo de la ONU fue redefinir la agenda feminista y creo que fueron bastante efectivos. A través de  varias conferencias mundiales, por ejemplo, se presentaban así misma como la representación de las mujeres del mundo y de lo que es o no el feminismo. Por otro lado, su otro objetivo era 'educar' a los gobiernos del mundo en que algo tenía que cambiar en la legislación laboral para permitir la entrada de las mujeres en el trabajo asalariado.

¿Cómo salir entonces de esa trampa, cómo conseguir reivindicar la igualdad sin caer en esas trampas? Porque, por ejemplo, usted rechaza que las mujeres se incorporen en igualdad a los Ejércitos.

No a las mujeres en el Ejército, de ninguna manera. Hay que tener en cuenta que los hombres también son explotados. Entonces, si decimos simplemente que queremos la igualdad con los hombres estamos diciendo que queremos tener la misma explotación que los hombres tienen. La igualdad es un término que congela el feminismo: por supuesto que en un sentido general no podemos estar en contra de la igualdad, pero en otro sentido decir solo que luchamos por la igualdad es decir que queremos la explotación capitalista que sufren los hombres. Creo que lo podemos hacer mejor que eso, hay que aspirar a transformar el modelo entero, porque los hombres tampoco tienen una situación ideal, los hombres también deben ser liberados, porque son sujetos de un proceso de explotación. Por eso no a las mujeres en el ejército, porque no a la guerra, no a la participación en ninguna organización que nos comprometa a matar a otras mujeres, a otros hombres en otros países con el objetivo de controlar los recursos del mundo. La lucha feminista debería deicr en ese sentido que los hombres deberían ser iguales a las mujeres, que no haya hombres en los ejércitos, es decir, no a los ejércitos y no a las guerras.

¿Y cómo salir de la trampa en el caso del trabajo asalariado?

Esto es diferente porque en muchos casos el trabajo asalariado es la única forma en la que podamos ser autónomas y no estamos en la posición de decir no al empleo. La cuestión es considerar el trabajo asalariado como una estrategia más para la liberación, no como la gran estrategia para liberarnos. Por ejemplo, en EEUU la cuestión del trabajo reproductivo no se tiene en cuenta para nada e incluso cuando las mujeres luchan por liberarse de las tareas de cuidado eso solo se tiene en cuenta como una forma de que ellas puedan dedicar más tiempo al trabajo fuera de casa. El capitalismo devalúa la reproducción, y eso significa que devalúa nuestras vidas para continuar devaluando la producción de trabajadores. Es un asunto fundamental que no se está teniendo en cuenta. Así que no se trata de decir no al trabajo asalariado sino de decir que el trabajo asalariado no es la fórmula mágica para liberar a las mujeres. Las mujeres no están afuera de la clase trabajadora, la lucha feminista debe estar totalmente imbricada en la lucha trabajadora.

Entonces, ¿qué más estrategias se pueden seguir para conseguir esa liberación?

El trabajo que la mayoría de mujeres hacen en el mundo, que es el trabajo reproductivo y doméstico, es ignorado. Y ese trabajo es la base del capitalismo porque es la forma en la que se reproducen los trabajadores. El trabajo de cuidados no es un trabajo por amor, es un trabajo para producir a los trabajadores para el capital y es un tema central. Si no hay reproducción, no hay producción. Si ese trabajo que hacen las mujeres en las casas es el principio de todo lo demás: si las mujeres paran, todo para; si el trabajo doméstico para, todo lo demás para. Por eso el capitalismo tiene que devaluar este trabajo constantemente para sobrevivir: ¿por qué ese trabajo no está pagado si mantiene nuestras vidas en marcha? La corriente de la que yo provengo vimos que si el capitalismo tuviera que pagar por este trabajo no podría seguir acumulando bienes. Y al menos que lidiemos con este asunto no produciremos ningún cambio en ningún otra plano.

¿Defiende el salario para el trabajo doméstico?

Sí. Muchas feministas nos acusan de institucionalizar a las mujeres en casa porque entienden que esta demanda es una forma de congelar a las mujeres en los hogares, pero es exactamente lo contrario, es la forma en que podemos liberarnos. Porque si este trabajo es considerado como tal los hombres también podrán hacerlo. El salario sería para el trabajo, no para las mujeres.

Sí, pero aún hoy son las mujeres las que hacen mayoritariamente ese trabajo, esa sigue siendo la tendencia a pesar de que ha habido otros cambios, ¿qué haría cambiar esa inercia?

La tendencia es esa porque la ausencia de salario ha naturalizado la explotación. ¿Te imaginas que los hombres hubieran hecho un trabajo industrial gratis durante dos años porque es lo propio de los hombres? Estaría totalmente naturalizado, igual que lo está el trabajo doméstico, que está ligado a la feminidad y a lo que se considera propio de las mujeres. En una sociedad conformada para las relaciones monetarias, la falta de salario ha transformado una forma de explotación en una actividad natural, por eso decimos que es importante desnaturalizarla.

¿Y la forma de desnaturalizarla es precisamente mediante un salario?

Sí, es un primer paso para hacerlo. Pero nunca vemos el salario como un fin, sino como un medio, un instrumento para empezar la reivindicación. Ya solo pedir un salario tiene el poder de revelar toda un área de explotación, de sacar a la luz que esto es un trabajo propiamente dicho, y que es esencial para el capitalismo, que ha acumulado riqueza gracias a ello.

¿No se corre el riesgo de perpetuar así la división sexual del trabajo?

No, es una forma de romperla. Se puede demostrar que la división sexual del trabajo está construida sobre la diferencia salario-no salario.

Sin embargo, en muchos países como España el trabajo doméstico ya está reconocido como tal (no con todos los derechos) y aún así ese trabajo sigue siendo femenino mayoritariamente, es decir, que esté remunerado no ha hecho que los hombres se incorporen a esos empleos. ¿Por qué pensar entonces que pagar por las tareas del hogar hará que los hombres se incorporen a ese área?

En una situación en la que el trabajo doméstico no es reconocido como trabajo y millones de mujeres lo hacen gratis en todo el mundo, las mujeres que lo hacen por dinero están en una situación de debilidad, de no poder negociar mejores condiciones. Yo espero que se construya un nuevo movimiento feminista que una a las mujeres que hacen trabajo doméstico pagado y a las que lo hacen no pagado. Empezar una lucha sobre qué significa este trabajo, reivindicar nuevos recursos al servicio de este trabajo y proponer nuevas formas de organización. Este trabajo se hace separadas las unas de las otras y hace falta unión, nuevas formas de cooperación que nos permitan unir nuestras fuerzas para contestar esta devaluación del trabajo doméstico. La conexión entre mujeres y trabajo doméstico es muy fuerte y no será fácil, pero creo que sí se podrían conseguir cosas. La reinvidicación del salario para el trabajo doméstico ha sido muy liberadora porque muchas mujeres podían comprender así que lo que hacían era trabajo y era explotación, y no algo natural.

http://www.eldiario.es/economia/engano-trabajo-asalariado-liberar-mujeres_0_262823964.html


sábado, 14 de março de 2015

#DomingoNãoVou


#DomingoNãoVou

Lamentavelmente, muitos que irão às ruas no dia 15 defendem a volta da ditadura militar. Todos estão flertando com o autoritarismo e enfraquecendo a democracia por não respeitar o resultado da maioria da população brasileira.

Quem, por acaso, vai gritar slogans contra o PP o partido mais corrupto do RS? Quem vai gritar contra o PMDB que tem o Eduardo Cunha e o Renan Calheiros da lista do procurador Janot? Quem vai gritar contra os ricos que estão na lista das pessoas que têm conta na Suíça no caso HSBC? Quem vai gritar contra o Sartori o governador que está há mais de dois meses do cargo e ainda não começou a governar o estado? A maioria vai movida pelo ódio contra o partido que mais defendeu a causa dos trabalhadores e dos pobres em toda a história do Brasil, o Partido dos Trabalhadores. 

A ditadura foi o pior período do Brasil: prisões arbitrárias, censura, corrupção, violência, torturas, mortes, fim das liberdades. Quem anda guiado por pessoas que defendem a volta da ditadura não merece a liberdade que goza na democracia. 

#DomingoNãoVouPorque respeito resultado de eleição, quero fortalecer a democracia e ampliar direitos e liberdades. Porque mudar o Brasil é fazer uma reforma política que retire o poder das empresas de influenciar resultado de eleição. Porque a classe média egoísta, arrogante e que vive sonegando impostos, não me representa. Porque não apoio golpe e os que lideram as manifestações são declaradamente golpistas. Porque a opinião dessa gente é formada pela mídia brasileira, de tradição antidemocrática e golpista.

Porto Alegre, 14 de março de 2015.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Sobre março e os golpistas


Sobre março e os golpistas

O colunista de Zero Hora/Grupo RBS, David Coimbra, não assume que quer derrubar Dilma porque lhe falta coragem. Afinal pra se assumir publicamente golpista precisa certa coragem, característica que ele não tem. É que o cara tem um verniz de democrata e moderno e quer manter a fachada. Hoje (12/03) na sua coluna descreve sobre fatos que aconteceram em março qual deu o título 'Os idos de março'.

Porém, na sua crônica David Combra 'esqueceu' de lembrar ao leitor da Marcha da Família, manifestações lideradas pela extrema-direita e conservadores de todos os tipos, que aconteceram em março de 1964 e ajudaram a consolidar o golpe que acabou com a democracia e as liberdades.

O final dessa história nós sabemos muito bem: golpe militar, explosão do autoritarismo, medo generalizado, enfrentamentos nas ruas, torturas, prisões, mortes, fim das liberdades e das eleições livres, censura, corrupção, dívida externa gigantesca, ricos mais ricos e pobres mais pobres etc. Inclusive a imprensa sofreu drasticamente, muitos jornalistas foram perseguidos, torturados e até mortos. Muitos deixaram o país e se exilaram. O período deixou marcas profundas que serão lembrados como dos piores da história do Brasil. Tivemos uma democracia interrompida com consequências políticas, sociais, econômicas, ambientais e culturais.

É evidente que não foi ao acaso que os que não aceitam o resultado da eleição do ano passado e querem derrubar Dilma - eleita democraticamente pelo povo brasileiro - escolheram o dia 15 de março para chamar manifestações. O colunista David Coimbra sabe disso, e pelo que escreve dá todos sinais de apoiá-los. David Coimbra é um sujeito medíocre que acrescenta pouco ao leitor e está cada vez mais arrogante. Mas, pior do que isso, o sujeito é um golpista encabulado.

Porto Alegre, 12 de março de 2015.