Milho
transgênico, a opção
equivocada
O
Conselho do Feaper, no dia 23 de abril, aprovou por maioria, colocar
milho transgênico no programa Troca-Troca de Sementes. Esta decisão
pode trazer grandes impactos, muitos ainda não dimensionados. As
entidades e os órgãos do governo estadual ao aprovarem a proposta,
avalizam e aceleram a disseminação de uma tecnologia polêmica e
discutível do ponto de vista ambiental, econômico e social.
Mas,
necessitamos mesmo de milho transgênico? Acreditamos que não.
Analisamos que esta não é uma boa opção para construir uma
agricultura familiar sustentável e uma produção de alimentos que
dê segurança e soberania alimentar ao Brasil. O Estado deve apoiar
e promover os sistemas ecológicos sustentáveis e não os
transgênicos, porque estes reforçam o poder das corporações
agroquímicas e a dependência. Pelos riscos associados, alguns
evidentes, outros potenciais, defendemos que está é uma opção
equivocada, portanto, somos contrários.
Temos
muita diversidade de milho variedade, algumas desenvolvidas pela
pesquisa e outras sementes crioulas, conservadas, adaptadas e
melhoradas pelos agricultores ao longo de centenas de anos. O
transgênico pode contaminar geneticamente estas variedades, que
podem ser perdidas. Também, ao ser detectado gene transgênico na
planta, o agricultor passa a pagar royalties, aumentado o custo, a
exemplo da soja. Há estudos que ligam transgênicos a riscos à
saúde, logicamente, quem consome vira cobaia; faltam pesquisas
epidemiológicas.
No
entanto, o debate é para além do milho. Discute-se concepção de
desenvolvimento, prioridades, opção tecnológica, segurança e
soberania alimentar, agrobiodiversidade e a nossa responsabilidade e
relação ética com tudo isso.
Defendemos
que se há riscos ecológicos irreversíveis, o princípio da
precaução deve orientar a opção. Sociedade e agricultores perdem
com os transgênicos, que traz riscos e reforça o modelo agrícola
predatório e insustentável. Ilude-se quem acha que dependência e
riscos ajuda os agricultores.
Não é
sensato colocar em risco o futuro e o estratégico pelo imediato.
Disputa-se algo que envolve o futuro da alimentação da humanidade.
Por certo, os gestores públicos deveriam saber que tecnologias não
são neutras.
Seria bom
prestar atenção no alerta de Pat Roy Mooney: 'quem domina as
sementes, domina a humanidade'. Há caminhos que não devemos seguir.
Altemir
Tortelli, deputado estadual
do PT/RS, agricultor,
ex-coordenador da Fetraf-Sul/CUT
Demilson
Fortes, engenheiro agrônomo,
ecologista, assessor da
bancada do PT/RS
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