quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Grécia e a crise do capitalismo



Alguns economistas falam em "falência da Grécia". Seria horrível escutar isso sobre qualquer país, mas trata-se do berço da democracia, de um país da Europa. Esta última, a referência maior da civilização até aqui, de uma sociedade organizada segundo a vontade maior de seu povo, com instituições estáveis e alternâncias no poder; que conseguiu compatibilizar liberdade, prosperidade econômica e tentativas vitoriosas importantes de construir maior igualdade social. Por isso, a derrota da Grécia e da Europa é mais que uma derrota do capitalismo, pois, como em toda derrota do capitalismo, quando não há outra força suficiente para substituí-lo por algo melhor, poderá vir o pior. E, nestes casos, pode ser a derrota da própria civilização. O capitalismo está na cadeira dos réus, mas como em todo processo penal, se está sujeito a injustiças e quem pode ser condenado é o que a humanidade, possivelmente, produziu de mais avançado e generoso: a ideia de república e de democracia, que por mais imperfeitas que sejam representam "possibilidades" sempre abertas e "esperanças" de algo melhor. O que estamos nos acostumando a ver na TV são tempos de incertezas. A Grécia, de tantos mitos e deuses, agora aterriza na dura realidade, onde não há deuses que possam salvá-la. A sociedade grega pode refundar-se nas ruas e praças e como fundou a democracia, poderá criar algo até então não conseguido na sua plenitude, que foi compatibilizar democracia e socialismo.


Demilson F. Fortes
Porto Alegre, fevereiro de 2012.

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