Dinamarca
estabelece meta de energia 100% limpa até 2050
09 / 05 / 2014
CLIPPING
Até
2050, a Dinamarca pretende produzir somente energia e calor limpos,
eliminando as emissões de dióxido de carbono no setor. Para 2020, a
meta é produzir cerca de 70% da energia a partir de fontes
renováveis. Hoje, já são 43%.
“Atualmente,
a energia renovável correspondente a 25% do consumo total de energia
na Dinamarca”, diz Kristoffer Böttzauw, vice-diretor da Agência
de Energia Dinamarquesa, convencido de que é possível alcançar a
meta prevista até 2050.
A
Dinamarca é pioneira absoluta na União Europeia nesse setor,
segundo Tobias Austrup, consultor político para mudança da matriz
energética do Greenpeace na Alemanha. “Aqui fica claro ser
possível que países europeus industrializados realizem uma
verdadeira e rápida mudança energética”, afirma.
Austrup
vê a Dinamarca como modelo para a Europa. “Até a agora a mudança
da matriz energética alemã, por exemplo, foi apenas no setor de
energia elétrica”, diz.
Segundo
ele, há várias ideias dinamarquesas que poderiam ser implementadas
na Europa: “A proibição do aquecimento com combustíveis fósseis
e a ampliação da cogeração. Essas usinas são supereficientes.
Elas utilizam o calor perdido na produção de energia elétrica para
o aquecimento”. Para Austrup, também é possível aprender sobre o
uso de energia eólica com o país vizinho.
Parques
offshore – Com 7.300 quilômetros de costa, as condições para a
produção de energia eólica na Dinamarca são tão favoráveis como
quase em nenhuma outra região europeia. O país fica entre dois
mares – o do Norte e o Báltico – e, por isso, aposta na geração
de energia eólica offshore, ou seja, no mar.
Um parque
eólico com capacidade de geração de 600 megawatts está sendo
construído na região de Kriegers Flak, no Mar Báltico. O parque é
resultado de uma cooperação sueco-alemã-dinamarquesa e deve
começar a produzir energia até 2020.
No ano
passado, outro parque offshore com capacidade para a produção de
400 megawatts foi inaugurado próximo à ilha Anholt, situada no
estreito de Kattegat, entre a Dinamarca e a Suécia. As turbinas
eólicas foram fornecidas pela empresa alemã Siemens.
Entretanto,
os parques offshore não são suficientes para alcançar a meta
energética. Assim, usinas eólicas também estão sendo construídas
em terra. No passado, iniciativas locais impediram a construção das
cada vez maiores turbinas eólicas. Em 2008, o governo conseguiu o
apoio da população com novas regras.
Primeiro,
os moradores são indenizados diretamente, conta Böttzauw. Ou seja,
quando uma casa perde valor imobiliário devido à instalação de
uma turbina eólica, que pode ter até 150 metros de altura, a
operadora precisa ressarcir o proprietário do imóvel por essa
perda.
Além
disso, pelo menos 20% dessa energia devem ser oferecidos localmente,
possibilitando aos moradores uma participação direta no
investimento. E há também um rateio por megawatt pago ao município,
afirma Böttzauw. Por trazer vantagens diretas tanto para o município
quanto para os moradores, a construção de turbinas eólicas passou
a ser mais aceita pelas populações locais.
Transmissão
e armazenagem – Na Dinamarca, o problema das linhas de transmissão
foi resolvido com a construção de cabos subterrâneos. Böttzauw
admite que a solução é cara, mas construir torres elétricas além
das turbinas eólicas seria demais para a população. A energia
elétrica produzida pelos parques offshore deverá ser distribuída
pelo país por meio de três novas linhas de transmissão.
Segundo
Böttzauw, o grande problema da extinção de fontes energéticas de
origem fóssil está no setor de transporte. Uma parte dele poderia
ser solucionada com carros elétricos. “Não dá para decidir
quando há vento. Mas veículos elétricos podem ser usados na
armazenagem da energia eólica”, reforça. Se há pouca energia, a
rede é alimentada com a bateria dos carros.
A
Dinamarca também investe em grandes aquecedores elétricos e bombas
de calor. Assim, a energia eólica excedente é transformada em
calor. “Quando há bastante vento, não existe energia mais barata
que a eólica”, completa Böttzauw.
E quando
não há vento suficiente, talvez haja sol. Por isso, a Agência de
Energia Dinamarquesa está investindo cada vez mais em energia solar.
O resto da demanda de energia pode ser suprida com biomassa, somada à
economia e à eficiência. Os dados da agência falam por si só:
desde 1980, a economia no país cresceu 78%, mas o consumo de energia
permaneceu quase o mesmo.
Cooperação
com a China – Na Dinamarca, o governo optou por um caminho
diferente para rebater o argumento da falta de competitividade de
fontes renováveis. As empresas recebem um subsídio se usam energia
renovável e aumentam a eficiência energética. Em 2010, a
tecnologia dinamarquesa no setor de energia representou cerca de 10%
das exportações.
Para
alcançar a liderança global nesse setor do futuro, o país investe
em pesquisa e financiamentos para fontes renováveis, eficiência
tecnológica e sistemas de aquecimento renováveis. Assim, entre 6 e
8 mil novos postos de trabalho deverão criados no país de 5,5
milhões de habitantes por ano.
A
experiência do país escandinavo interessou até à China. Desde
2006, há uma cooperação intensiva entre esses dois países nesse
setor, conta Böttzauw. Começou com energia eólica, e desde 2010 há
um projeto conjunto para o desenvolvimento de fontes de energia
renovável.
“A
China tem um interesse grande nos nossos sistemas de aquecimento à
distância e também em biomassa e parques eólicos offshore”, diz
Böttzauw. Os interesses econômicos são o ponto central da
cooperação. “Nós fomos à China para ajudar a resolver os
problemas energéticos e climáticos que acompanham o crescimento
econômico.” (Fonte: Terra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário